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Com Ecio Costa

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O mercado enlouqueceu?

É importante entender o que está acontecendo na economia brasileira e como fatores externos influenciam diretamente o cenário interno, especialmente o que ocorre nos EUA

Ecio Costa

Publicado: 22/09/2025 às 10:44

Ecio Costa/Reprodução

Ecio Costa (Reprodução)

A bolsa bateu recorde na semana passada, fechando na sexta-feira aos 145 mil pontos, no seu maior fechamento da história, e o Dólar recuou durante a mesma semana, chegando a ficar abaixo de R$ 5,30 e acumulando uma queda de 13,89% no ano, mesmo com a Selic mantida na reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, também na semana passada, em 15% ao ano.

É importante entender o que está acontecendo na economia brasileira e como fatores externos influenciam diretamente o cenário interno, especialmente o que ocorre nos EUA.

A Selic está em 15% ao ano devido às preocupações com a inflação no Brasil. No mês passado, houve até um episódio pontual de deflação, provocado pelo bônus de Itaipu, mas a inflação segue elevada e resistente, com dificuldades de convergir para a meta de 3% projetada apenas para 2027.

Esse quadro se agrava com a expansão fiscal contínua, que deve se intensificar no segundo semestre e em 2026, com o forte impulso fiscal que irá acontecer nesse período por parte dos Governos das 2 principais esferas, federal e estadual.

A expectativa é de que a Selic permaneça neste patamar até o fim deste ano e boa parte do próximo, com reduções acontecendo de forma mais lenta do que o mercado gostaria. Isso deveria trazer um impacto negativo sobre o Ibovespa, mas na semana passada ainda chegou a bater os 146 mil pontos durante o pregão e fechou em 145 mil no encerramento da semana, números bastante expressivos para o contexto atual.

Esse movimento, no entanto, não se explica apenas pelos fatores internos e, certamente, são um reflexo maior do setor externo, mais particularmente dos EUA.

Os EUA voltaram a reduzir sua taxa de juros, em 0,25 ponto percentual para 4,25% ao ano, e com uma expectativa de que irão continuar nesse movimento nas próximas reuniões, devendo ficar abaixo dos 4% ainda esse ano, o que torna os mercados emergentes mais atrativos.

Com os títulos americanos pagando menos, investidores buscam alternativas que ofereçam maior retorno, e o Brasil entra no radar. De um lado, há os títulos públicos brasileiros, que acompanham a remuneração da Selic, e de outro, também por aqui, o Ibovespa, que estava com desempenho fraco nos últimos anos e, por isso, apresenta ativos muito baratos.

Essa combinação tem atraído fluxo de capital estrangeiro. Ainda assim, esse cenário pode mudar. Novos indicadores da economia brasileira serão divulgados em breve, principalmente apontando o aumento dos gastos e consequente déficit fiscal.

Além disso, os dados já mostraram uma desaceleração significativa no segundo trimestre, muito por conta da política de juros altamente restritiva. Esses indicadores podem trazer complicações tanto para as contas do setor público, por conta da possível desaceleração na arrecadação, quanto para o desempenho de várias empresas listadas na Bolsa.

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