° / °

Coluna

Economia e Negócios Em Foco

Com Ecio Costa

COLUNA

Déficit e dívida disparam em julho

Resultado negativo foi causado pelas três esferas das contas públicas, sendo R$ 56,4 bilhões do Governo Central, R$ 8,1 bilhões dos governos regionais e R$ 2,1 bilhões das empresas estatais

Ecio Costa

Publicado: 01/09/2025 às 11:22

Ecio Costa/Reprodução

Ecio Costa (Reprodução)

O setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 66,6 bilhões em julho, valor três vezes superior ao déficit de R$ 21,3 bilhões observado no mesmo mês de 2024 e somente abaixo do resultado de julho de 2020 (R$ 81,1 bilhões), durante a pandemia.

O resultado negativo foi causado pelas três esferas das contas públicas, sendo R$ 56,4 bilhões do Governo Central, R$ 8,1 bilhões dos governos regionais e R$ 2,1 bilhões das empresas estatais.

No acumulado em doze meses, o setor público consolidado apresentou déficit primário de R$ 27,3 bilhões, o que equivale a 0,22% do PIB, revertendo o superávit de R$ 17,9 bilhões, equivalente a 0,15% do PIB, registrado nos doze meses encerrados em junho.

As estatais acumulam o maior déficit no acumulado deste ano, desde o início da série história iniciada em 2002, com R$ 5,52 bilhões.

Os juros nominais também tiveram forte impacto nas contas públicas. Em julho somaram R$ 109,0 bilhões, enquanto no mesmo mês de 2024 tinham sido de R$ 80,1 bilhões. Esse aumento foi influenciado pelo crescimento do estoque do endividamento e pela elevação da taxa Selic.

No acumulado em doze meses até julho os juros nominais alcançaram R$ 941,2 bilhões, correspondendo a 7,64% do PIB, frente a R$ 869,8 bilhões, 7,63% do PIB, no mesmo período do ano anterior.

A soma do déficit primário com os juros nominais resultou em um déficit nominal de R$ 175,6 bilhões em julho. No acumulado de doze meses o déficit nominal atingiu R$ 968,5 bilhões, o equivalente a 7,86% do PIB, um aumento em relação aos R$ 894,4 bilhões, ou 7,30% do PIB, registrados até junho de 2025.

A trajetória da dívida pública também refletiu esse cenário. O déficit nominal ajudou a aumentar o estoque da dívida pública para o seu maior patamar até hoje, de R$ 7,94 trilhões.

A Dívida Bruta, que inclui o Governo Federal, o INSS e os governos estaduais e municipais, alcançou 77,6% do PIB em julho, equivalente a R$ 9,6 trilhões. O resultado representou aumento de 0,9 p.p. em relação ao mês anterior, explicado principalmente pelos juros nominais e pelas emissões de dívida.

No acumulado de 2025 a dívida bruta aumentou 1,1 p.p. do PIB, mas o impacto somente em julho foi muito alto.

A relação dívida/PIB aumentou 5,9 p.p., passando de 71,7% em 2022 para os atuais 77,6%. É preciso ficar bem claro que, mesmo considerando artificialmente várias despesas fora do Arcabouço Fiscal para defender que a política está sendo cumprida, e que se amontoam para um patamar acima de R$ 324 bilhões, elas entram para o custo do endividamento, e que o descontrole fiscal leva a rolagem de dívida mais cara, devido aos juros mais altos pagos pelo risco que o descontrole oferece.

Tudo isso acelera a trajetória da dívida. A tendência até o final do ano é de contínua elevação do déficit primário, com repercussão no nominal, resultado do contínuo descontrole fiscal. A consequência será de maior elevação da relação dívida/PIB, aproximando-se cada vez mais dos 80%, um resultado que deixa uma conta muito elevada para ser paga no futuro, resultando em mais inflação e impostos para as gerações futuras arcarem com essa conta.

Mais de Economia e Negócios Em Foco