° / °

Coluna

Economia e Negócios Em Foco

Com Ecio Costa

COLUNA

Arrecada mais, gasta mais, repete

No acumulado do primeiro semestre, a arrecadação já soma R$ 1,44 trilhão, também um recorde para o período

Ecio Costa

Publicado: 28/07/2025 às 10:26

Ecio Costa/Reprodução

Ecio Costa (Reprodução)

O governo arrecadou R$ 234,6 bilhões em junho, um valor recorde para o mês na série histórica iniciada em 1995. Esse montante representa uma alta real de 6,62% em relação a junho do ano passado.

No acumulado do primeiro semestre, a arrecadação já soma R$ 1,44 trilhão, também um recorde para o período. Esse valor representa um aumento real de 4,38% em comparação com o mesmo período de 2024.

De janeiro a junho, o governo arrecadou R$ 3,8 bilhões com as taxas aplicadas sobre jogos de azar e apostas esportivas. Somente em junho, essa arrecadação foi de R$ 764 milhões.

Já o Imposto sobre Operações Financeiras) (IOF), que teve a alíquota elevada com o objetivo de ampliar a arrecadação, gerou R$ 8,02 bilhões apenas em junho, valor 38,8% superior ao registrado no mesmo mês do ano anterior.

No primeiro semestre, a arrecadação com IOF somou R$ 36,87 bilhões, um crescimento de 8,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse desempenho recorde tem sido avaliado de forma positiva pelo governo federal, que estabeleceu a meta de zerar o déficit primário este ano.

No entanto, a equipe econômica do presidente Lula (PT) revisou a projeção de rombo nas contas públicas para R$ 26,3 bilhões, valor que ainda se encontra dentro do intervalo permitido pela meta fiscal, que admite um déficit de até 0,25% do PIB. Com isso, o governo decidiu essa semana liberar parte do contingenciamento, aumentando a previsão de gastos para o ano.

O valor não leva em consideração o pagamento de despesas, que foram estrategicamente colocadas de fora do orçamento, como os precatórios, que serão pagos em agosto e passam de R$ 50 bilhões, nem o dos desvios do INSS, que somam outros R$ 3 bilhões.

O arcabouço fiscal e a atual política expansionista do governo geram um problema contínuo e preocupante na economia brasileira, levando a revisões mais pessimistas da trajetória do endividamento.

A previsão mais recente, feita pelo Instituto Fiscal Independente do Senado, é de que a relação dívida/PIB chegue aos 82% em 2026, um crescimento de mais de 10 pontos percentuais em apenas 4 anos, desde o início do atual governo.

O problema, claro, está no crescimento das despesas, que avançam em ritmo acelerado. Isso faz com que o governo esteja constantemente em busca de novas fontes de receita para cobrir os gastos crescentes.

Esse movimento retira recursos da população e das empresas, enfraquecendo a atividade econômica, criando um ciclo de baixo crescimento e alta dependência do Estado, num efeito cascata.

Por isso, é necessário rever a política fiscal, adotando uma postura mais consciente. Isso inclui conter o aumento das despesas e evitar o crescimento da arrecadação com base em fontes alternativas ou impostos regulatórios, como o IOF.

Mais de Economia e Negócios Em Foco