Caso bolo envenenado: jovem disse à polícia que tinha ciúmes e queria que colega 'sofresse'
De acordo com informações obtidas com a investigação, a adolescente já tinha praticado a mesma ação contra outra garota
Publicado: 04/06/2025 às 17:32

O bolo de pote foi envenenado com óxido arsênico (Reprodução)
A adolescente que confessou ter envenenado o bolo de pote que provocou a morte de Ana Luiza das Neves, de 17 anos, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, disse à polícia que cometeu o ato infracional por ciúme. Ela alegou que queria que a colega "sofresse", mas não desejava causar a morte da jovem.
De acordo com informações obtidas com a investigação, a adolescente já tinha praticado a mesma ação contra outra garota. No caso anterior, a jovem tentou se vingar de uma menina que teria ficado com seu namorado. A vítima passou mal, mas se recuperou.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP), a adolescente confessou ter colocado veneno em um bolo entregue à vítima. Ela foi apreendida após autorização da Justiça, e encaminhada para a Fundação Casa. A reportagem não conseguiu contato com a defesa.
Ana Luíza morreu na tarde do último domingo, 1º, após consumir o alimento. O doce foi entregue no dia anterior por um motoboy, na residência da jovem, no Parque Paraíso. O presente chegou acompanhado de um bilhete escrito à mão: ‘Um mimo pra garota mais linda que eu já vi".
Pouco depois, ela começou a passar mal, apresentando vômitos e diarreia. Seu pai, Sílvio Ferreira das Neves, a levou para um hospital. Após o diagnóstico de intoxicação alimentar, a adolescente foi medicada e recebeu alta, mas horas depois voltou a apresentar sintomas mais graves.
Ela foi encontrada caída no banheiro, desmaiada. Levada de volta ao hospital, foi constatado o óbito. O diagnóstico preliminar constatou sintomas compatíveis com envenenamento, o que ainda precisa ser confirmado por laudos que ainda não ficaram prontos.
À polícia, a suspeita confessou que havia colocado uma substância à base de trióxido de arsênico no bolo. A polícia vai investigar a empresa que forneceu o produto.
A polícia chegou até a suspeita após identificar o motoboy que fez o transporte do bolo. Câmeras de monitoramento próximas à residência dela foram analisadas e ajudaram na investigação.
Ele foi localizado por meio da placa da moto e detalhou como aconteceu a entrega. Quando a polícia chegou à casa, a descrição feita pelo entregador coincidiu com a aparência física da jovem. Levada à delegacia, ela acabou confessando.
Estudante aplicada e reservada
Ana Luíza morava com a família no Jardim Paraíso e cursava o terceiro ano do ensino médio na Escola Estadual João Baptista de Oliveira, em Itapecerica da Serra. Colegas do "terceirão" G, a classe da jovem, usaram as redes sociais para manifestar pesar e luto. A escola não se manifestou a respeito, mas um professor descreveu Ana Luíza como uma aluna "dócil, reservada, mas alegre e muito aplicada nos estudos".
A confeitaria Menina Trufa, onde foi comprado o bolo, postou mensagem de luto em sua página no Instagram e se isentou de qualquer responsabilidade.
"Uma pessoa adquiriu um bolo na nossa loja física, saiu da loja física com o nosso produto, utilizou-se da nossa marca para colocar substâncias que ainda são desconhecidas, mas que causou uma atrocidade. Quero deixar bem claro que aqui a Menina Trufa não tem nada a ver com isso, O produto saiu da loja e não se sabe por onde passou.", afirma, em vídeo, a proprietária Josieli Silva Costa Franca.
Segundo ela, o bolo foi entregue por um motoboy que não tem qualquer vínculo com a loja. "A pessoa recebeu esse produto, não foi pelos nossos motoboys. Todas as nossas entregas chegam pelos nossos motoboys, que usam a bag rosa, com a nossa logo. Estamos contribuindo com a investigação, deixando bem claro que não temos nenhum envolvimento com o caso. A pessoa usou da nossa marca para cometer essa atrocidade", reforçou Josieli.
Ao Estadão, o marido de Josieli, Felipe, disse que a loja tem cinco anos de mercado e se tornou referência no setor de confeitaria. "São mais de cinco anos de atuação e abrimos a loja física há três anos", diz. Segundo ele, a loja fez contato com o pai de Ana Luíza, de forma reservada, e acompanha as investigações da polícia.
O corpo da jovem foi sepultado nesta terça-feira, 3, no Cemitério Municipal Recanto do Silêncio, em Itapecerica da Serra. Familiares, amigos, colegas e professores da escola acompanharam a despedida.

