Economista aponta impacto geopolítico e comercial de anistia
Professor da UFRPE avalia que barrar anistia para golpistas fortalece laços com União Europeia e distancia Brasil dos EUA, facilitando negociações comerciais
A discussão sobre a anistia para os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, vista sob a ótica da política doméstica, tem reflexos significativos na posição do Brasil no cenário internacional, especialmente na esfera econômica e geopolítica.
O professor de economia e finanças da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Luiz Maia, avalia que a não aprovação da anistia, caso ocorra, pode consolidar a imagem do país perante importantes parceiros comerciais e alinhar o Brasil a nações que buscam conter movimentos antidemocráticos.
De acordo com o economista, o Brasil, ao conduzir o julgamento e a condenação de um ex-presidente por ações que atentaram contra o Estado Democrático de Direito, se coloca como uma nação que busca "evitar o retorno do fascismo".
Esse posicionamento, segundo Maia, aproxima o país da União Europeia e o distancia dos Estados Unidos. Ele ressalta que a rejeição da anistia, se concretizada, tornaria o Brasil mais bem visto por parceiros prováveis, como a União Europeia, facilitando a negociação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e o bloco europeu.
Alianças comerciais em foco
A análise de Luiz Maia pondera a importância das relações comerciais com os Estados Unidos, mas enfatiza que o Brasil e outras nações têm estreitado cada vez mais os laços com a China. Nesse contexto, a decisão de barrar o projeto de anistia reforçaria um direcionamento de "distanciamento do Brasil dos Estados Unidos e, portanto, relativamente uma aproximação geopolítica com os outros blocos de poder, seja a União Europeia, seja também a China", concluiu o especialista.