Sem ódio e sem medo - Marcos Freire 1982

Gilberto Marques
Advogado criminalista

Publicado em: 06/10/2018 03:00 Atualizado em: 08/10/2018 08:54

Que dá medo dá! A disputa tomou o rumo da ignorância, no seu sentido mais ignorante. A brutalidade nasceu antes da faca. A vitória do desarmamento passou a ser o mote da mudança: é pau pra lamber sabão, é pau pra saber que sabão não se come. Prevaleceu o lambe-lambe. Um tipo de fotografia tosca antes do selfie nascer.

Brutus só apunhalou César porque vivia perto do imperador. Hitler fugiu da Áustria pra não servir o exército. Mas na vizinhança alemã virou cabo ligeiro. Napoleão, que também era cabo, virou Imperador, depois da Revolução Francesa. Há, pouco tempo, Hugo Chavez saiu de coronel pra ditador e deixou um Maduro que já cheirava mal.

Cada vez que se fala nele lembro Vinicius: “O homem que diz dou não dá. Porque dá mesmo não diz. O homem que diz sou não é. porque quem é mesmo é não sou”. Das vicissitudes que viveu também pertence ao talento musical. No silêncio do quarto nutria pesadelos: “Será que Cristina volta, será que ela vai voltar” – C. Buarque. Resolveu dar a César o que é de César: uma vaga no Congresso. A monarquia não refuga nepotismo. Onde cabem filhos cabe a mãe do irmão. Não é pagamento é apenas um vale.

Homens e mulheres, de boa-fé, menos todos e todas, se encantaram com o canto da sereia. Veio a cusparada do Jeep Willys. Lembrei Dom Helder: quanto mais negra a noite mais carrega em si a madrugada. O Sistema Financeiro de Habitação, retomando os apartamentos que construíam o sonho da casa própria. Na desventura, da inflação e juros, ficavam com o saldo das dívidas e sem a casa. Um sonho frustrado.

A Educação, em 10% na Constituição de 1946, caiu na Carta de 1967. Perdeu a referência, na sucumbência da garantia. O Movimento de Cultura Popular – MCP gerou exilio e prisão. O Mobral ganhou apenas uma canção: “...eu tenho a minha mão domável”.

Alfredo Buzaid, ministro de Garrastazu, brilhou na concepção do Processo Civil de 1973, mas abriu mão da própria doutrina e fomentou a Multinacional, na Lei das S.A. em 1976 – as empresas estrangeiras se misturavam com um pequeno capital nacional e continuavam estrangeiras. Mais uma canção: “Laranja madura, na beira da estrada, tá bichada Zé...”. O parque industrial cresceu. No ABC o movimento dos trabalhadores.

Os bancos particulares se rivalizaram com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Cresceram na riqueza e na avareza. Em paralelo, a Caderneta de Poupança, e o BNH ao SFH e FGTS, também cria no Governo Militar. O sonho virou susto: a casa caiu!

Volta Vinicius: “Tristeza por favor vá embora. É minh’alma que chora estou vendo o meu fim”. Fala poetinha –“eu sei que vou te amar. Por toda a minha vida eu vou te amar” – BRASIL!

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