Sobre as pesquisas eleitorais II

Moacir Veloso
Advogado

Publicado em: 27/09/2018 03:00 Atualizado em:

Nas eleições que se aproximam, com a evolução tecnológica, as pesquisas tornaram-se complexas, e, não raro, deixam o eleitor atônito com a divulgação massiva e frenética de uma miríade de simulações e cenários que, ao nosso ver, em nada contribuem para um legítimo processo democrático. Seu protagonismo é notadamente deletério. Só serve para confundir o eleitor desavisado, induzindo-o ao malsinado voto útil, materializando um vetor de cooptação de votos, direcionados aos candidatos de interesse de alguns grupos de pressão, vinculados à correntes ideológicas de partidos políticos que pretendem chegar ao poder. Em outubro de 2014, foi publicado nesse prestigioso Diario de Pernambuco, um artigo de minha autoria sob o título Pesquisas Eleitorais. Na época, questionei a real importância dessa ferramenta, que atua com base em dados estatísticos e amostragem, supostamente, com o objetivo de melhor instruir a convicção do eleitor na escolha dos seus candidatos. Enfim, qual seria a sua verdadeira função? Por oportuno, vejamos alguns excertos do artigo em comento: No Brasil, a primeira pesquisa de opinião foi realizada em 1940. Seu principal alvo era saber qual dos lados o Brasil deveria apoiar, caso os EUA e Japão entrassem na guerra. Já a primeira pesquisa eleitoral foi feita pelo Ibope em 1945, junto a 1000 eleitores de São Paulo sobre a disputa presidencial entre Eduardo Gomes e Gaspar Dutra, hoje, segundo Nunes “as principais funções das pesquisas eleitorais são mapear o contexto social e político do embate e medir a oscilação da preferência do eleitor na disputa eleitoral”. Há controvérsias sobre o nível de influência da divulgação das pesquisas divulgadas pela mídia na decisão do eleitor sobre em quem votar (...) Para Muniz Sodré, as pesquisas provocam um “vácuo de representatividade”, resultando em que as “posições ideológicas e a disputa eleitoral” sejam substituídas por “vantagens percentuais nas pesquisas e rostos fotogênicos ou telegênicos”. Já para Leôncio Martins Rodrigues, as pesquisas influem sobre os eleitores mas somente naqueles que, por um exótico sentimento de vaidade política “gostam de votar em candidatos que estão à frente”. “Para os profissionais de comunicação, a possibilidade entre manipulação e fraude ainda é real (Luiz Carlos Fernandes e Shirly M. Pires Carneiro). Segundo a Gazeta do Povo, na década passada, a divulgação de pesquisas de votos era tema polêmico entre jornalistas, cientistas políticos e políticos. As discussões eram sobre a definição do período mínimo para divulgação das pesquisas e transparência das informações para a compreensão correta dos resultados divulgados e se a divulgação das pesquisas em período pré-eleitoral influencia a decisão do eleitor. Passados quatro anos da última eleição, resta-me manter a mesma opinião emitida naquela ocasião: as pesquisas são toleráveis até determinado ponto da corrida eleitoral. Deveria ser proibida sua divulgação pela mídia, pelo menos 20 dias antes do primeiro turno. Desta forma, o resultado do pleito não seria produto de más influências, nocivas à consciência do eleitor. Afinal, que benefício teria ele em saber antecipadamente quem serão os prováveis vencedores do pleito? Estou com José Nivaldo, que muito conhece do assunto: Não acreditem em pesquisas eleitorais; ouçam a voz das ruas e das suas consciências antes de votar. 

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