Triste cultura brasileira...

Jaime Xavier
Mestre em Administração de Negócios pela COPPE - RJ e sócio-diretor da XConsult - Consultoria Empresarial

Publicado em: 05/09/2018 03:00 Atualizado em: 05/09/2018 08:53

“Somos um país sem memória...”

Esta frase que desde sempre escutamos, torna-se literal, quando ocorre uma perda como a que aconteceu neste domingo, 2 de setembro de 2018 com o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, o mais expressivo Museu de História Natural do Brasil e um dos mais reconhecidos de toda a América Latina.

Choro, manifestações, abraços, liberações de verbas, exigências e tantas outras bravatas, que costumam ser vistas nestes momentos, de nada mais adiantam. São  discursos atrasados e superados pela realidade. Não se exclua o mau gosto e grosseria de ministro do Governo, ao se pronunciar a respeito.

Mais de 20 milhões de peças do acervo do museu, que contavam nossa história, e em muitos casos trechos relevantes da história da própria humanidade, foram tragados pelas chamas em imagens tristes e revoltantes.

Esse é o resultado de governos que já há muito colocaram a cultura em plano secundário (desde 2004, portanto do início do 1o mandato do Sr. Lula que os laudos indicavam a necessidade de recuperação do Museu e suas instalações), mas que jamais negaram recursos e apoio aos shows e espetáculos do “seus prediletos” artistas, cineastas e  todos os que se definem como “intelectuais de esquerda”, que costumam “mamar nas tetas” públicas, incluindo-se neste grupo, o que comanda a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), composto por integrantes do PSOL, do PCdoB e de outros partidos.

São todos hipócritas e criminosos, por seus atos e práticas, que agora se mostram como vítimas, mas não podem esconder a sua própria incompetência e incapacidade, para gerir o que é público, sem no entanto jamais descuidar de priorizar seus próprios interesses e o dos seus grupos, na destinação dos recursos de que dispõem.

Há algum tempo, lembro-me do processo de retomada do Canecão, levado a efeito pela mesma UFRJ, que decidiu rescindir os contratos com a iniciativa privada para passar a gerir o espaço. Quem vive ou já foi ao Rio, sabe das consequências a que isso levou. O Canecão virou um espaço abandonado e entregue à destruição.

Em 2011, um outro incêndio destruiu boa parte da Capela da UFRJ na Urca, também no Rio, e também sob a (ir) responsabilidade dos seus burocratas e gestores incompetentes.

Mas também é fato que o próprio povo brasileiro não se compromete com a preservação do que é público, como se isso pudesse ser destruído livremente numa demonstração  de negação da sua própria cidadania.

Pichações, quebra de vidraças, incêndios de ônibus, destruição de vagões de trens e de metrô, e tantos outros fatos que de tão repetidos em nossas cidades, já não nos causam estranheza ou revolta.

Isso sem falarmos que, de forma geral, não frequentamos os museus brasileiros, preferindo por exibição e por vaidade alardearmos aos quatro ventos que conhecemos e costumamos frequentar museus em nossas viagens a outros países.

A verdade é que, para o brasileiro, conhecer a cultura do mundo vale mais de ou €20, mas a conhecer e preservar a nossa, não vale sequer R$ 1,00.

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