Nova fronteira dos investimentos

Renato Eid Tucci e Alexandre Gazzotti
Renato Eid Tucci é responsável pela área de estratégia beta e integração ESG na Itaú Asset Management

Alexandre Gazzotti é analista de ESG na Itaú Asset Management

Publicado em: 05/09/2018 03:00 Atualizado em: 05/09/2018 08:52

Na indústria de investimentos, poucos temas despertam tanto interesse de jovens investidores quanto aqueles ligados à sustentabilidade e ao impacto socioambiental. É o chamado investimento responsável.

A integração de temas ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG, em inglês) no processo de investimento está na vanguarda dessa tendência. Nos países desenvolvidos, a demanda por fundos e produtos de investimento que considerem esses aspectos cresce em ritmo acelerado. Mas o quanto tais conceitos estão integrados no processo de investimento em âmbito global? E quais são os padrões existentes para inclusão dos temas ESG na avaliação e gestão de investimentos?

De acordo com as informações mais recentes disponíveis, US$ 1 de cada US$ 4 geridos profissionalmente no mundo já leva em consideração estratégias de investimento responsável. Isso representa US$ 22 trilhões, cerca de 26% de todos os recursos geridos profissionalmente no mundo, segundo o Global Sustainable Investment Review, de 2016.

O crescimento desse tipo de estratégia inicialmente veio da demanda de investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras. No entanto, já é possível afirmar que a demanda de investidores de varejo também tem apresentado crescimento significativo.

A perspectiva é positiva quando pensamos que o setor financeiro tem o potencial de direcionar recursos para setores e empresas que contribuam positivamente com os significativos desafios socioambientais que enfrentamos hoje.

Porém, ainda não existe um padrão amplamente aceito pela indústria de investimentos sobre como esses temas devam ser levados em consideração. Estratégias mais antigas, e ainda utilizadas hoje, estão relacionadas à exclusão de empresas ou setores cujos impactos socioambientais negativos sejam considerados polêmicos ou controversos. Desde 2006, com a criação pelas Nações Unidas dos Princípios para Investimento Responsável, investidores têm adotado modelos mais sofisticados, baseados em análises tradicionais de fluxo de caixa e de valor presente.

Enquanto buscam a melhor forma para inserir essas variáveis nos modelos tradicionais de avaliação de empresas, investidores também buscam engajar empresas investidas para influenciar positivamente suas práticas socioambientais e de governança corporativa.

A integração de temas ESG no processo de investimento e o engajamento com as empresas contribuem para reduzir a exposição a grandes riscos e eventos extremos, proporcionando um retorno mais ajustado ao risco dos portfólios.

Para contribuir no desafio de padronizar a forma como investidores públicos e privados direcionam seus esforços nesse sentido, em 2015 as Nações Unidas lançaram os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), um conjunto de 17 diretrizes que representam os principais desafios globais da atualidade.

Esses temas se traduzem em 169 metas, que podem ser acompanhadas através de 230 indicadores sugeridos segundo o grupo criado pela comissão estatística das Nações Unidas.

Os ODS apresentam um novo paradigma para investidores que já buscavam como integrar temas ESG em seus processos de investimento. Isso porque, além de sua amplitude, são aplicáveis para empresas, investidores e governos. Ainda pouco explorados pela comunidade de investimentos, os ODS se apresentam como a nova fronteira no cenário de investimento responsável no mundo.

Esperamos no futuro ver que fundos de pensão e gestores de recursos busquem de fato explorar e desenvolver novas formas de utilizar os ODS para investir nas empresas que promoverão a transformação para uma economia mais sustentável.

Desde 2010, a Itaú Asset Management desenvolve seu modelo de integração ESG na avaliação de empresas, tanto para a gestão de renda fixa, quanto de renda variável. Integramos a temática ESG nos modelos tradicionais de fluxo de caixa, com processos detalhados em "white papers" abertos ao público. A mais recente destas publicações busca avaliar os impactos das mudanças do clima na atividade econômica.

Além da integração ESG através destes modelos proprietários, a Itaú Asset Management realiza o engajamento com empresas investidas para refinar seu entendimento e promover a adoção de melhores práticas ambientais, sociais e de governança corporativa.

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