Crimes perfeitos

Paulo Salles Cavalcanti
Aposentado e cidadão comum

Publicado em: 23/08/2018 03:00 Atualizado em: 23/08/2018 09:39

Cresci ouvindo que o crime perfeito não existe. Nos filmes policiais, vibrava quando, no final, sempre se descobria e se punia o criminoso. Com o tempo percebi, no entanto, para tristeza minha e de muitos, que não é bem assim. O crime perfeito existe, sim. Para os homens, porque para Deus nada há encoberto que não venha a ser revelado.

O DP do dia 13 de agosto de 2018, traz reportagem sobre o assassinato das adolescentes Maria Eduarda e Tarsila Gusmão, conhecido como o “Caso Serrambi”, o qual, após 15 anos decorridos, não se chegou ainda - e possivelmente não se chegará, a uma conclusão sobre o autor ou autores dos homicídios, não obstante reiteradas investigações das polícias estadual e federal. Lembro-me bem do caso porque na ocasião estava eu em Porto de Galinhas e desde então passei a acompanhá-lo.

Há mais de 30 anos tive um concunhado, funcionário do Banco do Nordeste à época, assassinado em frente ao prédio onde morava, dentro de um fusquinha, onde estavam sua esposa, três filhos e uma tia. Nada foi descoberto até hoje e o criminoso, ou criminosos, continuam impunes. Crime esse que, a essa altura, já se encontra prescrito.

De igual modo, há mais de dez anos, um primo, médico, foi perseguido por criminosos que estavam em uma moto, em plena Av. Agamenon Magalhães, sendo alvejado com vários tiros, mesmo com o seu carro em movimento, levando-o a perder a direção e cair no canal, em frente ao Hospital Português. Até hoje nada foi desvendado pela polícia.

Estes dois últimos casos, por envolverem parentes meus, deixou um vazio e a quase certeza de que o crime compensa, sim, diante da incompetência dos nossos órgãos investigativos, e isso serve de estímulo para que outros criminosos ajam da mesma maneira. Crimes perfeitos. Por certo o leitor está a lembrar-se de muitos outros.  

Por outro lado, temos visto eficiência quando o fato acontece com alguém de notoriedade. Há uma mobilização geral e na maioria das vezes se consegue chegar ao culpado, ou culpados, em pouco tempo. Quando isso acontece, há cobertura e ampla divulgação da mídia. Todos os casos deveriam ser tratados da mesma forma, a meu ver.

A polícia precisa transferir para a sociedade confiança e credibilidade, com ações efetivas para que isso venha a acontecer e ela se sinta mais segura. Esta, por sua vez, precisa exercer o seu papel, não somente cobrando ações das autoridades, mas também revendo alguns de seus conceitos e valores.

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