Editorial Combate à gripe

Publicado em: 27/07/2018 03:00 Atualizado em: 27/07/2018 09:01

Cresce nos meios médicos a preocupação com a agressividade do vírus da gripe, que já causou a morte de mais de 800 pessoas no país, apenas neste ano. O número registrado de óbitos assusta, pois deu-se mesmo com o sucesso alcançado pela campanha de vacinação do Ministério da Saúde — isso somente depois de duas prorrogações da imunização em massa —, que conseguiu atingir 90% do público-alvo, composto, prioritariamente, por crianças de 6 meses até menores de 5 anos, gestantes, idosos de mais de 60 anos, indígenas e pessoas com comorbidade.

O alerta aumenta, justamente, porque o programa de imunização obteve êxito e as mortes, até o dia 14 último, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde, aumentaram 68% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram exatos 839 óbitos. Especialistas sabem que o vírus em circulação no país, atualmente, é mais agressivo do que o que se propagou em 2017 e que mata infectados de todas as idades. Também preocupa o fato de ter aumentado o número de casos registrados da doença, que teve alta de 162% se comparado ao ano passado. Seguramente, esse percentual é maior por causa de ocorrências menos graves que são subnotificadas e, portanto, não constam dos registros.

O estado com o maior volume de notificações da enfermidade é São Paulo, com 1.702 casos, num total de 4.680 em todo o Brasil. As mortes em território paulista somam 302, o que representa quase 40% de todas as ocorridas no país. No ranking das unidades da Federação mais afetadas, o Paraná ocupa a segunda posição, com 432; Goiás, 378; Ceará, 376; Bahia, 246; Rio Grande do Sul, 218; e Santa Catarina, 210.

Os infectados com maior risco de falecer são os idosos, diabéticos, grávidas, cardíacos crônicos e portadores de doenças pulmonares crônicas. Entretanto, neste ano, a gripe surpreendeu e vem matando pacientes que não têm um dos fatores de risco. Estudo mostra que uma em cada quatro vítimas de morte não se enquadra nesses grupos mais vulneráveis. As autoridades acreditam que a transmissão possa cair com a diminuição do frio, mas não há previsão de elevação da temperatura nas próximas semanas.

A questão é que mesmo tendo alcançado a previsão de imunizar, nacionalmente, 90% do público-alvo, a cobertura vacinal não é homogênea, o que cria distorções. As únicas regiões que bateram a meta preestabelecida foram o Centro-Oeste e o Nordeste. O Sul alcançou 88,6%, o Sudeste 86,9% e o Norte 86,6%. E como a gripe é altamente contagiosa, a imunização é o único caminho possível para se evitar um mal maior.

O problema se agrava quando pessoas mal informadas ou inescrupulosas disseminam campanhas antivacinação, principalmente nas redes sociais, afirmando que a vacina provoca efeitos nocivos em quem a recebe. Neste momento, o que a população menos precisa é de informações falsas questionando a eficácia da imunização, única forma de proteção disponível para a população.

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