SUS - faltam remédios nos postos de saúde

Dóris Maria Lima dos Santos
Advogada e escritora

Publicado em: 06/06/2018 03:00 Atualizado em: 06/06/2018 08:44

É uma lástima o que estamos acostumados a ver no nosso país. Há dinheiro para tudo. Para os altos salários do Executivo, Legislativo e Judiciário. Os deputados federais, além da remuneração vergonhosa que recebem, ainda têm um sem-número de vantagens, como auxílio-moradia, auxílio-paletó, verbas de gabinete, carros, combustível, passagens aéreas de primeira classe, verbas para gastarem nas suas bases, planos de saúde que cobrem também os gastos de suas famílias. Como se não bastasse, o Judiciário também é agraciado com altos salários e não despende um só centavo para arcar com suas moradias. Tudo isso à custa do que é tirado do bolso do contribuinte, através da exagerada carga tributária que sobre ele recai, seja descontando do seu salário, diretamente na fonte, ou sobre todos os bens de consumo. Na feira que o povo faz, por mês, quinzena ou semana, o que paga de imposto é um assalto. Seria suficiente para cobrir outras despesas como compra de remédios, vestuário, lazer, até porque não apenas a classe política tem o direito de bem-viver, aliás, todos aqueles que compõem os três poderes.

É por tudo isso e por muito mais que o Fundo de Participação dos Municípios da cidade do Recife é insuficiente para suprir as necessidades básicas na área da saúde pela classe menos favorecida. As pessoas procuram os postos de saúde, mas têm que comparecer diariamente a fim de tentar conseguir uma ficha, por exemplo, para um clínico, mas precisam pedir a Deus que quando os funcionários comecem a trabalhar que haja marcação naquele dia porque nem sempre há essa disponibilidade, caso não haja, as criaturas, muitas vezes idosos que vão sozinhos, cansados, terão que voltar desiludidos para continuar no outro dia a mesma maratona. Quando conseguem marcar para uma determinada especialidade, serão atendidos sabe Deus quando; às vezes necessitam aguardar meses para que essa consulta aconteça. Não é incomum faltarem médicos para alguns tipos de tratamento, daí sucede-se uma longa espera.

Com relação aos remédios que são distribuídos gratuitamente, geralmente eles chegam a faltar na farmácia durante muito tempo. Afirmo com toda certeza porque minha funcionária passa por esses percalços. Desde março deste ano, seu remédio de uso contínuo e necessário, o  Clonazepan está faltando, assim como diazepan, no Posto de Saúde Lessa de Andrade na Madalena, sem previsão de quando vão chegar. Isso é um absurdo porque são remédios imprescindíveis ao tratamento e muitos pacientes estão sem poder comprá-los, porque não são vendidos sem receituário, ou, quando conseguem uma receita, como adquirir se eles são caros? Ainda há quem ousa afirmar que a saúde vai bem. A Prefeitura do Recife está negligente com os pacientes de vários postos de saúde, não somente com o Lessa de Andrade, os remédios, conforme me informei, estão a faltar em outros também. O que o povo quer, dentre outras coisas, é que as autoridades constituídas destinem para todos uma boa qualidade nos tratamentos de saúde que oferecem e que respeitem aqueles que neles votaram, não pensando apenas no seu próprio bem-estar.

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