Editorial À espera das propostas

Publicado em: 17/05/2018 03:00 Atualizado em: 17/05/2018 08:25

A menos de cinco meses das eleições, o quadro de candidatos ao Palácio do Planalto começa a se delinear. Entre as dezenas de pretendentes, quatro sobressaíram. Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) são os mais bem colocados nas pesquisas. O cenário poderá mudar até o término do prazo para inscrever postulantes. Mas, seja qual for o número dos que efetivamente apostam na vitória, um fato se impõe. É importante apresentar programa de governo com propostas concretas.

Teme-se que se repita o enredo de campanhas anteriores. Seria a crônica da tragédia anunciada. O aspirante apresenta ideias simplistas para resolver problemas complexos. Marqueteiros exibem o concorrente em embalagem para presente e preparam discurso genérico, com alto nível de abstração. Tudo parece bonito, fácil de concretizar pelo ser excepcional que se apresenta ao eleitor. Em troca do voto, oferece mágicas capazes de realizar sonhos sempre adiados. É o caso de educação de qualidade, saúde de ponta, segurança efetiva, emprego em alta, salário bem maior que o mês.

Com a campanha eleitoral mais curta — antes eram 45 dias, agora são 35 —, as redes sociais disseminando informações sem controle e a presença de fake news, será fácil levar o brasileiro desinformado a acreditar em falácias e deixar o país mais distante das medidas inadiáveis capazes de pôr a nação na trilha do desenvolvimento. Um dos temas que deve ficar claro se refere à Previdência. Qual a posição do candidato sobre o assunto? Ele acredita na necessidade de mudança? Qual o limite de idade para a aposentadoria de homens e mulheres? Como reduzir o deficit, que cresce sem controle?

Trata-se de matéria mais que espinhosa. Trata-se de matéria impopular. Eis a razão por que muitos se esquivarão de a abordar com sinceridade e transparência. Mas terão de fazê-lo. Em apenas um ano, de 2016 a 2017, o rombo da Previdência saltou nada menos de 18%. Passou de R$ 226,8 bilhões para R$ 268,8 bilhões. Convenhamos: é insustentável. Não só. Caminhos para outros desafios precisam ser explicitados sem escamoteamentos. Entre eles, a redução do deficit fiscal, cuja previsão para 2019 é de R$ 139 bilhões.

A educação tem de ser encarada como prioridade real. O país não pode conviver com 2,5 milhões de crianças e jovens fora da escola, mais da metade dos estudantes analfabetos ao terminarem o 3º ano do ensino fundamental, 41% dos moços sem concluir o ensino médio até os 19 anos. Projetos de infraestrutura têm de avançar. Saúde, segurança e redução do desemprego precisam estar na pauta. Para encarar com eficiência e eficácia tais pelejas, o Brasil não precisa de salvadores da pátria. Precisa de estadistas com projetos, capazes de manter relação transparente com o Congresso e restabelecer a confiança dos mercados.

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