Adufepe, 39 anos de luta!

José Luis Simões
Professor do Centro de Educação/UFPE e ex-presidente da Adufepe.

Publicado em: 28/03/2018 03:00 Atualizado em: 28/03/2018 09:04

Em 2018, a Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe) completa 39 anos de existência. A entidade foi criada no dia 26 de março de 1979. Seu marco foi a realização de uma Assembleia Geral dos professores da UFPE, com a finalidade de construir um sindicato que defendesse os interesses profissionais da categoria docente e a universidade pública.

Foram 176 professores que aprovaram a criação da entidade. Em 26 de junho de 1979, foi eleita a primeira diretoria da Adufepe, contabilizando, naquela época, 396 sindicalizados. Atualmente, a entidade ultrapassa a marca de 2.300 docentes sindicalizados.

Tive a honra de fazer parte de três diretorias da entidade (de 2009 a 2014). Nesse período, mergulhei na história do movimento docente e participei do processo de construção da sede atual da entidade, com auditório próprio e estrutura adequada para reuniões, debates e organização dos professores. Já foram diretores da entidade os professores Paulo Rosas, Silke Weber, André Furtado, Ivon Fitipalddi, Ednaldo Miranda, Maria José Baltar, Pedro Ferrer, Sérgio Sette, José Audisio Costa, Jaime Mendonça, entre tantos outros que marcaram a história da UFPE.

Nunca é demais lembrar que a Constituição Federal de 1988, no seu artigo oitavo, reconhece o direito à sindicalização, à greve, à luta pela dignidade. Somos trabalhadores, não somos máquinas. E participar de um sindicato é integrar uma corporação, sentir-se parte de um grupo profissional, que tem interesses, objetivos e sonhos. O sociólogo Norbert Elias (1897-1990) argumentou o seguinte: quando a atuação é coletiva há um sentimento de fortalecimento individual, criação de identidade de grupo, pertencimento.

Isso explica em parte a força das corporações, dos sindicatos. No caso da Adufepe, que ao longo dos anos teve pautas gerais e específicas, misturando momentos de lutas, embates com os poderes, confraternizações, circulando informações e defendendo posições políticas, a entidade tem, desde sua criação, o princípio da defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade e os interesses dos docentes.

Para mostrar apenas um exemplo, em 2005, o contracheque dos professores tinha várias linhas (5 a 7 linhas, a depender de cada caso), com gratificações concedidas ao longo do tempo, para reajustar salários, carcomidos com a inflação e desvalorização da moeda nacional. Mas cada gratificação dessas não foi mera concessão do governo federal, foi resultado de luta e reivindicação dos professores. E a luta do movimento docente levou à redução para 2 linhas no contracheque (Retribuição por Titulação e Vencimento Básico), incorporando as antigas gratificações ao salário. Sem dúvida, isto significou grande conquista da categoria.

Desde os seus primeiros anos, a Adufepe se colocou decisivamente na defesa dos professores atingidos por injustiças cometidas pelas autoridades governamentais. Também aumentou a resistência contra a repressão aos direitos.

Apesar das divergências políticas no seio da própria categoria, o que também é sinônimo de pluralidade de opiniões e ressalta a democracia interna, o que une esse segmento da universidade é algo muito maior: a certeza de que a universidade pública de qualidade é uma instituição fundamental para o progresso e desenvolvimento do Brasil. Então, que venham os próximos anos e próximas lutas. Adufepe, presente!

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