Gente como a gente

Luzilá Gonçalves Ferreira
Doutora em Letras pela Universidade de Paris VII e membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 20/03/2018 03:00 Atualizado em:

Veio gente até da Bulgária, da Polônia, do Chile, da Argentina. Sem contar os muito brasileiros chegados do Pará, do Amazonas, do nosso Nordeste, finalmente, do Oiapoque ao Chuí. E essa gente toda marcou encontro por três dias, no Centro de Artes da Ufpe. O evento: um Congresso Internacional para estudar Mulheres x Literatura x Sociedade, organizado pelo Núcleo Mulher e Literatura do Departamento de Letras. Alegria de reencontrar antigos alunos, companheiras do GT Mulher e Literatura da Anpoll. E ver como a turma jovem de diversos cursos da Ufpe, da Uespi, da Ufrpe, de Serra Talhada, da Ufpb, de Ufrgs, da Ufsc... disse presente, entusiasmados, repartindo ideias e planos, bolsistas, pesquisadores, podem crer, o Brasil tem jeito sim... E a julgar pelas conversas de esperanças, a fé nas universidades, a pública primeiramente (puxo a brasa para minha sardinha, sendo produto de Grupo Escolar, de IEP, instituições do governo, da própria Ufpe, tendo tido bolsas da Capes, do Cnpq, frequentado bibliotecas públicas, etc, que se não fosse por essas instituições, eu não teria chegado lá, como dizia uma colega). Mas voltando ao assunto: num momento em que a gente vê ódios florescendo, no Brasil (onde o brasileiro cordial?) e no resto do mundo, em que as pessoas  se atacam, se matam, se enviam mensagens destrutivas, injustas, rancorosas, pelos meios de redes de comunicação, de repente, um ambiente de cordialidade, de simpatia, de se repartir experiências sobre coisas lindas através dos países. Que está acontecendo na literatura de mulheres africanas e como nelas se descobre aquele continente? Como eram as poetisas do mundo hispânico? Como se reescrever as Américas Poéticas? E que maravilha reencontrar Katherine Mansfiled e conhecer Jackie Kay, que Isabel Brandão, da Ufal, está traduzindo e nos falou dos Espaços de Trasncorporalidade na obra dessa maravilhosa poetisa contemporânea. E a gente recorda a verdade da frase de Dostoievsky: só a arte pode salvar o mundo. O Congresso, organizado pela professora e pesquisadora Karine Rocha (uma heroína), teve ajuda de um bando de monitores, estudantes, e, pasmem, 480 participantes inscritos. Mas, ao que parece, pouca ou nenhuma ajuda oficial. Uma tristeza. Mesmo assim, uma ilha, uma rajada de ar fresco em meio à vida. Ah, ia esquecendo e resgistro deixando de lado a vaidade, mas só asssinalando a emoção da honra: o encontro homenageou Luzilá Gonçalves Ferreira, que teve vários de seus romances analisados por ótimos conferencistas. Como agradecer?

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