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Plano-sequência impressionante é destaque no drama 'O Castigo', em cartaz no Recife

Ficção chilena 'O Castigo' retrata em tempo real o pesadelo de um pai e uma mãe com filho perdido no bosque

Andre Guerra

Publicado: 11/12/2025 às 15:40

 /Divulgação

(Divulgação)

Não demora para que O Castigo, que já está em cartaz no Recife, fisgue completamente o espectador. O casal Ana (Antonia Zegers) e Mateo (Néstor Cantillana) já começa a história em alerta com o desaparecimento do seu filho pequeno, que se perdeu no meio de uma perigosa floresta por onde passavam de carro. A polícia é acionada, os pais do menino se embrenham no bosque (tanto juntos quanto separados) e a tensão, já instalada, cresce à medida que a noite se aproxima.

Dirigido por Matías Bize a partir do roteiro de Coral Cruz, O Castigo finalmente chega ao Brasil após mais de dois anos circulando por festivais. Desde o lançamento, o trabalho vem sendo amplamente elogiado pelo uso engenhoso da técnica do plano-sequência (longos takes que intercalam cenas sem nenhum corte).

Vários filmes emblemáticos simulam essa técnica através de efeitos de montagem ou computação gráfica, a exemplo de Birdman (ou A Inesperada Virtude da Ignorância) e 1917, mas este corajoso longa chileno executa o desafio na raça e sem truques. E o feito, do ponto de vista dramático, é o melhor possível.

Apesar de a sinopse passar a ideia de um suspense ou mistério investigativo, O Castigo é, na verdade, um drama que se dedica menos às pistas do que pode ter acontecido à criança e mais às contradições da maternidade. Antonia Zegers, em atuação poderosa, conduz a crescente dramática de angústia e desespero que toma conta da história, ao passo que a direção de fotografia ultranaturalista jamais deixa esse desenrolar ganhar contornos teatrais (a amplitude do espaço do bosque certamente é essencial nisso).

Em entrevista exclusiva ao Diario, o diretor, que já havia trabalhado com plano-sequência em seu longa de estreia, Sábado, revela que foram feitas sete tomadas ao todo, após um intenso processo de preparação. "Como a trama se passa ao longo de um entardecer, só podíamos fazer uma tomada por dia. Foi, sem dúvida, um grande desafio técnico filmar sem cortes, mas o mais importante para nós era servir à história. Não queríamos que fosse apenas um recurso por si só, mas que fosse a melhor maneira de criar essa experiência", conta Matías.

O cineasta aponta ainda que a intenção principal do roteiro é levantar questões, não necessariamente respondê-las. "Eu sinto que é muito fácil se identificar com o filme como pais e mães, mas, de certa forma, também como filhos observando eles. Existe uma pressão social grande, sobretudo na América Latina, acho, para que as mães sejam perfeitas e felizes. Mais do que uma moral da história, creio que plantamos aqui uma pergunta para a qual não temos a resposta", afirma.

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