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VENDA DA WARNER

Netflix ou Paramount: existe opção boa para o cinema?

Dois grandes conglomerados de mídia disputam o controle da Warner Bros. Discovery, em uma aquisição que pode se tornar a maior da indústria do entretenimento; veja as implicações e reações sobre a compra

Andre Guerra

Publicado: 10/12/2025 às 15:31

Netflix e Paramount disputam pelo controle da Warner Bros. Discovery/Logos dos três conglomerados de mídia

Netflix e Paramount disputam pelo controle da Warner Bros. Discovery (Logos dos três conglomerados de mídia)

Com a nova oferta agressiva da Paramount, na última segunda-feira (8), para tentar barrar as negociações entre a Netflix e a Warner — gerida pelo executivo David Zaslav desde 2022, com a fusão entre WarnerMedia e Discovery, Inc. — muitos estão questionando qual das empresas vencerá essa disputa e, sobretudo, qual dos caminhos é mais interessante para as produções e para o próprio espectador.

Recentemente adquirida pela Skydance, em uma das maiores transações do entretenimento dos últimos anos, a Paramount está sob o comando do norte-americano David Ellison, filho do bilionário fundador da Oracle, Larry Ellison. Desde setembro, a empresa vem fazendo lances para adquirir a Warner e, após o acordo com a Netflix, apresentou uma nova oferta de aproximadamente 108 bilhões de dólares. O valor supera os 82,7 bilhões de dólares oferecidos pela gigante do streaming.

Especula-se na indústria que o presidente Donald Trump, notoriamente ligado à família Ellison, pode atrapalhar as negociações entre a Warner e a Netflix para favorecer a Paramount. Com o possível envolvimento do republicano, teme-se que o amplo catálogo dos dois estúdios se concentre nas mãos de uma única empresa, cuja liberdade de expressão de programas, obras e artistas pode ser filtrada pelo político.

Ainda assim, o cineasta James Cameron afirmou que seria melhor se essa opção se concretizasse, já que a Netflix, uma vez no controle do acervo descomunal de filmes, pode reduzir drasticamente o período em cartaz de suas produções. Diretor de filmes como Titanic e Avatar, Cameron é responsável por três das cinco maiores bilheterias globais da história e chamou a venda de “desastre”, reforçando o descompromisso que a plataforma, especialmente na figura do CEO, Ted Sarandos, tem com o cinema.

Nomes vocais sobre o assunto que se destacaram

Desde que foi anunciado o acordo entre a Netflix e Warner, toda a comunidade cinematográfica demonstrou preocupação em razão de como será o futuro da janela de exclusividade, que já está se tornando cada vez mais achatada e, para alguns, corre o risco de desaparecer. Atual presidente do Sindicato dos Diretores de Hollywood (DGA), Christopher Nolan (da trilogia O Cavaleiro das Trevas e Interestelar) também está liderando esforços para discutir as implicações da aquisição.

Forte defensor de maiores janelas de exclusividade para os filmes nos cinemas, Nolan se destacou nos últimos anos pela grande repercussão do premiado Oppenheimer, produzido e distribuído pela Universal sob a condição de ficar pelo menos 90 dias em cartaz, antes do anúncio do lançamento digital.

Entre os brasileiros, Kleber Mendonça Filho declarou em rede social que garantirá para os seus filmes um contrato com a mesma janela de exclusividade de pelo menos três meses. “Se todas as salas do Brasil fecharem e sobrar o Cinema São Luiz, o Cinema da Fundação, o Cine Brasília, o Glauber Rocha, a Cinemateca Capitólio em POA, o Estação e o Cine Sesc na Augusta, o filme poderá ser exibido nessas salas durante meses antes de chegar ao streaming”, afirmou o realizador pernambucano, atualmente em cartaz com O Agente Secreto.

Kleber apontou ainda que a experiência coletiva constrói o caráter e a história de um filme e que não pode deixar de existir por conta das plataformas. “O streaming é uma nova e espetacular forma de ver filmes, mas não pode ter o poder de acabar com a cultura da sala de cinema”, acrescentou na sua publicação.

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No leilão original pela aquisição da Warner, apresentaram suas propostas a NBCUniversal, a Paramount e a Netflix. Com a suposta vitória da última e a formalização do acordo, começou a ser especulada a movimentação dos órgãos de regulação de leis antitruste (criadas para proteger a concorrência do mercado e impedir monopólios), enquanto membros da indústria cinematográfica se manifestaram, em geral, contra a fusão.

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