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CRÍTICA

'Wicked: Parte 2' ganha em cores e humor, mas perde em música e foco narrativo

Continuação 'Wicked: Parte 2' conclui com altos e baixos a saga de Elphaba e Glinda ambientada no universo de 'O Mágico de Oz'

Andre Guerra

Publicado: 19/11/2025 às 14:29

Ariana Grande ganha mais tempo de tela como Glinda/Universal/Divulgação

Ariana Grande ganha mais tempo de tela como Glinda (Universal/Divulgação)

A expectativa pela história que dá sequência àquele final apoteótico de Wicked, de 2024, era imensa para alguns e mais contida para outros. Dividido em dois grandes atos, o espetáculo da Broadway em que os dois filmes se baseiam (por sua vez inspirado no livro Wicked: A História Não Contada das Bruxas de Oz, de Gregory Maguire) tem uma primeira metade melhor do que a segunda. Não apenas as canções são mais memoráveis, mas o encaminhamento dramático e o norte narrativo são mais firmes no começo do que no epílogo da jornada — que aqui precisa ser um bocado esticada para dar conta da escala épica aguardada pelos fãs.

Em Wicked: Parte 2, que entra em cartaz nesta quinta (20) no Recife, Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande, que ganha de fato o protagonismo agora) já estão separadas pelos eventos do longa anterior e, enquanto a primeira se tornou alvo de perseguições pelos macacos voadores de Oz, taxada de Bruxa Má do Oeste, a segunda vive como símbolo de paz e bondade no palácio da Cidade das Esmeraldas. Após uma tentativa de reconciliação entre Elphaba e o Mágico (Jeff Goldblum), uma descoberta terrível torna o conflito ainda mais devastador, e elas precisarão reconstituir sua amizade quebrada.

O diretor John M. Chu, que também comandou o primeiro filme, decidiu gravar as duas partes ao mesmo tempo, mas precisou fazer alguns reajustes e regravações nesta sequência. Alguns deles se fazem notar: a produção ganhou uma saturação considerável, principalmente nas cenas internas, já que as cores lavadas foram um dos principais alvos de críticas do filme anterior. Outras cenas, por outro lado, evidenciam certa embromação, especialmente nos números musicais de Ariana.

O destaque na Glinda de Ariana é natural, a julgar pelo arco cheio de idas e vindas enfrentado por ela — e a atriz, que já tinha caído como uma luva na personagem antes, aqui se entrega ainda mais tanto ao humor caricato quanto ao drama. Cynthia, que tem Elphaba nas mãos desde o início, tem a liberdade de trazer um bem-vindo cinismo à protagonista nesta continuação e entrega algumas das gags de texto mais divertidas de toda a produção (ainda que seu arco seja particularmente mais plano desta vez).

Apesar do empenho do restante do elenco — que inclui ainda as voltas de Jonathan Bailey como Fiyero e de Michelle Yeoh como a vilã Madame Morrible —, Wicked: Parte 2 é bem menos uniforme no tom do que a Parte 1. Repleta desse vai-e-vem das relações entre as protagonistas (que brigam e reatam várias vezes em um período curto de tempo), a trama carece de rumo dramático. Há momentos totalmente entregues ao cômico besteirol seguidos de consequências trágicas e, nesse caso, as duas coisas frequentemente se anulam.

Mais prejudicada ainda no filme é a temporalidade da narrativa, sobretudo com a entrada em cena de Dorothy, que guia o enredo clássico de O Mágico de Oz. Em vez de assumir essa junção de tramas e lidar frontalmente com essa referência, Wicked: Parte 2 prefere o caminho de alusões meio avulsas à história célebre. O saldo disso é um amontoado de cenas que parecem cortadas ou adicionadas a posteriori por razões contratuais.

Ocasionalmente mais arriscado e espirituoso, quase sempre mais colorido, mas sem a mesma boa amarração do conjunto do primeiro Wicked, este desfecho de Elphaba e Glinda tem no carisma de suas protagonistas o maior de seus atributos. No geral, porém, a maior parte da magia parece ter se exaurido.

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