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Delicado e nostálgico, 'O Último Episódio' é uma ode aos amores da infância

Da celebrada produtora mineira Filmes de Plástico, 'O Último Episódio' faz referência a clássicos como 'Conta Comigo' para explorar relação afetuosa com a cultura dos anos 1980 e 1990

Andre Guerra

Publicado: 09/10/2025 às 13:34

 /Divulgação

(Divulgação)

Todos conhecem a nostalgia por aquilo que não se viveu, mas poucos conseguem captar essa ideia com tanta clareza quanto o filme O Último Episódio, que ganha uma sessão especial de pré-estreia o Cinema São Luiz neste domingo (12), dia das crianças, às 16h30.

Na trama, ambientada em 1991, no município mineiro de Contagem, o jovem Erik (Matheus Sampaio), de 13 anos, não vê a hora de dar o seu primeiro beijo em uma menina da escola, mas, para isso, ele inventa o mais mirabolante dos planos: convidá-la para assistir ao lendário desfecho da série icônica Caverna do Dragão. Para tudo dar certo, ele vai precisar criar e gravar esse final (que nunca de fato existiu).

Esse curioso e inocente ponto de partida do qual parte o diretor e roteirista Maurílio Martins (de No Coração do Mundo) transforma a história, em primeiro lugar, em uma celebração da amizade entre o protagonista e seus amigos que o ajudam na empreitada: Cristão (Tatiane Costa) e Cassinho (Daniel Victor). O trio se mete em diferentes roubadas para fazer o plano de Erik funcionar e, no processo, O Último Episódio se revela também uma delicada homenagem ao próprio ato de fazer cinema tendo a paixão infantil como motor.

Responsável por filmes que tem se tornado cada vez mais uma referência do melhor da produção nacional, a Filmes de Plástico ganhou notoriedade com trabalhos como Marte Um, de Gabriel Martins (que está presente aqui como ator, no papel do professor Juarez), e O Dia que Te Conheci, de André Novais Oliveira. Este novo projeto, que lembra no tom e no espírito clássicos como Conta Comigo, parece a tentativa da produtora de se aproximar de um público mais jovem, mantendo o diálogo com o público adulto que viveu durante a época retratada.

Em entrevista exclusiva ao Viver, o diretor conta que a primeira versão do roteiro surgiu em 2009, quando a ideia era fazer um curta-metragem. "Não conseguimos o edital para fazer na época, então a premissa seguiu ganhando outros contornos. Chegou a ser roteiro de série, anos depois, justamente quando outros personagens foram surgindo", revela Maurílio. "Essas transformações foram interessantes para que o filme, ironicamente, amadurecesse. Fomos entendendo onde estava o coração dessa história, e ela foi também se mostrando bem mais profunda do que simplesmente uma brincadeira de criança".

De fato, O Último Episódio é menos sobre a gravação amadora a que o título se refere e mais sobre o cotidiano daqueles pré-adolescentes e, principalmente, suas ausências. A euforia do clássico 'Doce Mel', de Xuxa, que embala o clímax, é justaposta ao tom melancólico da relação entre Erik e sua mãe, vivida por Camila Morena, contaminada pelo falecimento do seu pai, que nunca chegou a conhecer.

Agora já com 18 anos, Matheus Sampaio relembra a época das gravações e ressalta a magia, que o cinema conseguiu lhe proporcionar, de viver o início dos anos 1990. "O que me ajudou bastante a abraçar esse personagem foi a coesão da equipe. Cada detalhe da direção de arte, da bicicleta à fita em que a gente gravava, ficou muito marcado na minha mente e me transportou para outro tempo", conta o ator promissor, que parece ter encontrado a sua grande paixão.

"Quando a claquete bateu durante as filmagens de uma cena na escola, meu coração disparou e pensei: é isso que quero fazer para o resto da minha vida", recorda entusiasmado. Para Maurílio, Matheus e toda a equipe, este 'último episódio' é, na verdade, só o começo.

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