Guerreiros do Passo celebram 20 anos de trajetória
Agora também consagrado no cinema, o grupo Guerreiros do Passo chega aos seus 20 anos de história expandindo sua força e influência
Pedro Cunha - Especial para o Diario
Publicado: 27/09/2025 às 06:00

(Divulgação)
Do tapete vermelho de Cannes ao imponente Museu do Louvre, dos jardins do Palácio do Alvorada às poltronas do Cinema São Luiz, o frevo ocupou novos espaços. Em cada um desses palcos, os Guerreiros do Passo, que neste mês celebram 20 anos de trajetória, transformaram cenários com estandarte, sombrinhas e passos ligeiros, levando sua arte para a divulgação internacional do filme O Agente Secreto. Ao longo dessas duas décadas, o grupo tem sustentado a mesma missão: manter o frevo vivo para além dos dias oficiais de folia, ainda que siga enfrentando a dura realidade de sobreviver sem apoio estrutural em sua própria terra.
Fundado em 2005 por ex-alunos do mestre Nascimento do Passo (1936-2009), o coletivo chega às duas décadas de estrada consagrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife. Para Eduardo Araújo, um dos fundadores, o reconhecimento amplia o compromisso do grupo com a preservação do ritmo e homenageia o legado do mestre que os inspirou.
Esse compromisso se traduz no modo como os Guerreiros nasceram, com o desejo de formar não apenas passistas, mas também instrutores, multiplicadores de um saber que sempre correu risco de se perder. As aulas abertas do projeto Frevo na Praça, realizadas semanalmente no bairro do Hipódromo já revelaram dezenas de novos dançarinos. “Frevo não é sazonalidade, é vida cotidiana”, prega Eduardo. Foi essa filosofia que levou os Guerreiros do Passo a espaços até então improváveis.
Em 2023, participaram de Retratos Fantasmas e, neste ano, voltam às telas em O Ano em que o Frevo Não Foi pra Rua e O Agente Secreto. Dos sets de filmagem ao circuito internacional, o passo recifense atravessou fronteiras e chegou a palcos emblemáticos da cultura mundial. “Estar nesses espaços, representando Pernambuco e vendo o frevo dialogar com a cultura global a partir de suas raízes populares, é um marco. É como uma final de Copa do Mundo com o Brasil campeão”, lembra o idealizador.
Se por um lado a consagração abriu portas, por outro a trajetória continua marcada pela precariedade. O grupo tem se sustentado por quase duas décadas sem apoio contínuo do poder público ou patrocínio privado. Com a comemoração dos 20 anos, o grupo lança uma nova identidade visual assinada pela artista Joana Lira. A festa de aniversário, marcada para este sábado na Praça do Hipódromo, terá bolo e orquestra. “Nosso maior sonho é encontrar uma estrada mais tranquila. Queremos continuar ensinando, pesquisando e nos apresentando”, deseja Eduardo.
Assim, entre os aplausos em Cannes e a emoção no Cinema São Luiz, os Guerreiros do Passo permanecem fiéis à sua essência: guardiões de um fervo coletivo que continua a arder, ainda que encontrem alguns percalços pelo caminho. Evoé!

