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CINEMA

'A Praia do Fim do Mundo' mergulha no mar interior dos personagens

Dirigido por Petrus Cariry e protagonizado por Marcélia Cartaxo, 'A Praia do Fim do Mundo' estreia nos cinemas quase quatro anos depois de seu lançamento, no 31º Cine Ceará

Andre Guerra

Publicado: 04/09/2025 às 06:00

Marcélia Cartaxo vive Helena, que se recusa a sair de sua casa /Divulgação

Marcélia Cartaxo vive Helena, que se recusa a sair de sua casa (Divulgação)

A praia de Ciarema não é apenas cenário e personagem no soturno drama A Praia do Fim do Mundo. Ela é a ambiência que toma conta de toda a ordem sensorial e semântica des filme do cineasta cearense Petrus Cariry, responsável por trabalhos de natureza igualmente carregada e visual espartano, como Clarisse ou Alguma Coisa sobre Nós Dois e Mais Pesado é o Céu. Lançado na competição do 31º Cine Ceará, em 2021, o longa protagonizado por Marcélia Cartaxo, agora finalmente em cartaz no Recife, demonstra ser o mais atemporal do seu autor.

A história acompanha Helena (papel de Marcélia), que mora com sua filha, Alice (Larissa Góes), uma jovem ambientalista, em uma casa em frente ao mar, que está avançando cada vez mais. Presa às memórias do marido desaparecido, a mãe parece parte daquele lugar decadente, enquanto sua filha busca um futuro melhor para ela e para toda a comunidade. É no confronto austero de temperaturas entre essas duas personagens que os desdobramentos do filme ganham aspectos líricos e libertadores.

“O mundo estava se encaminhando para a barbárie naquele momento de pandemia em que fizemos. Esse clima de desesperança tá muito impresso nas personagens e naquele cenário”, destaca Petrus, em entrevista ao Viver. Marcélia reforça o aspecto climático da obra: “Aquele mar, a casa e todo o período que a gente estava vivendo contribuíram muito para essa atmosfera de fim de mundo. São personagens densos, sempre à espera de algo. Essa espera também se refletiu nas filmagens”.

O formalismo rigoroso do cineasta se contrapõe à espontaneidade da interpretação de Larissa Góes, que comenta sobre a condução da direção para a construção do filme. “Nossa atuação está sempre sob a influência de vários setores, incluindo toda essa assinatura e caracterização de Petrus e de toda a equipe. O contato com o ambiente, a ressaca daquele mar e os escombros compõem essa investigação emocional da personagem”, explica. “Enquanto gravamos, estamos em um lugar de reagir a esses estímulos que estão à nossa volta”.

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