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CINEMA

Diretor e elenco de 'O Último Azul' descrevem beleza do filme ao Viver

Cineasta pernambucano Gabriel Mascaro e os atores Denise Weinberg e Rodrigo Santoro lançaram 'O Último Azul' no 53º Festival de Gramado

Andre Guerra

Publicado: 18/08/2025 às 07:00

 /Divulgação

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Pela primeira vez na história, o tapete vermelho de Gramado estava diferente. A ocasião pediu e o piso ‘azulou’ para receber a estreia brasileira de um dos mais aguardados lançamentos do ano, O Último Azul, dirigido pelo pernambucano Gabriel Mascaro, escrito por ele em parceria com o cantor e compositor Tibério Azul, e com Denise Weinberg, Rodrigo Santoro e Adanilo no elenco principal. No Recife, o filme terá sessões de pré-estreia nesta sexta, no Teatro do Parque, sábado, no São Luiz, e domingo, no Cinema da Fundação/Derby. No dia 28, finalmente entra em cartaz.

A comoção em torno do longa vem crescendo desde o 75º Festival de Berlim — quando foi consagrado com o Urso de Prata — e se confirmou agora também no 53º Festival de Cinema de Gramado, onde foi exibido na cerimônia de abertura, em sessão hors concours. A trama distópica, ambientada em um Brasil que obriga seus idosos a morarem em uma colônia isolada a partir dos 75 anos, provocou angústia, risos nervosos e catarse na mesma medida. Elo poderoso da plateia com essa história, a atriz veterana Denise Weinberg vive Tereza, que desafia esse sistema entranhado em todos os setores da sociedade mostrada pelo filme e foge pelo rio rumo à realização de um sonho que ela própria ainda não sabe qual é.

O Último Azul protagonizou um tapete histórico não apenas pela cor, mas pela intensa movimentação que tomou conta da Rua Coberta, onde ocorre a passagem dos artistas e equipes em direção ao Palácio dos Festivais, onde acontecem as exibições. A sessão estava lotada e o filme foi amplamente aplaudido, recebendo elogios que aumentaram ainda mais as expectativas para a sua estreia comercial.

“Enquanto Tibério e eu escrevíamos o roteiro, esse cenário veio de forma muito potente para mostrar a história de um isolamento em função da produtividade. Não queria mostrar uma Amazônia exótica, e sim cheia de contradições entre a beleza e a industrialização”, comenta Mascaro em entrevista exclusiva ao Viver, em que destaca ainda a importância do protagonismo do corpo idoso para além de uma ideia de memória e nostalgia. “Essa personagem é essencial para falar de uma terceira idade cheia de vida, de sonhos e esperança. As histórias com idosos costumam retratar o passado ou a finitude. Aqui, eu queria falar de presente, de um corpo desejante e da ressignificação da vida”.

Rodrigo Santoro interpreta o barqueiro fora da lei Cadu, que conduz a protagonista a um de seus destinos. Na conversa com o Viver, ele relembra seu primeiro contato com o roteiro. “Fui arrebatado pela temática. A maneira como nós tratamos os nossos idosos e o nosso próprio envelhecimento são questões universais”, afirma. “Já fazia tempo que queria trabalhar com Mascaro. Nos conhecemos em Olinda e ele me levou para o meio de um bloco que estava passando. Desde então, nos aproximamos e ele criou esse personagem incrível, cheio de camadas sobre as fragilidades do masculino e sobre liberdade”, completa.

Denise Weinberg destaca a força do texto de Mascaro e Tibério, reforçando o tom positivo da obra e a riqueza de suas leituras. “Enquanto a gente lida com envelhecimento quase sempre nesse lugar de uma cabeça que vai se fechando cada vez mais, O Último Azul fala sobre abrir e expandir a mente, inclusive para buscar novas conquistas e para voar, literal e simbolicamente. Tudo nele se abre para inúmeras interpretações possíveis”, salienta a atriz. “A direção de Gabriel é muito leve, dando espaço para o instintivo e para o espontâneo, além do cuidado impressionante que ele tem para retratar o feminino na tela e desconstruir o masculino. Foi divertido demais trabalhar com uma equipe tão disposta a se aventurar na Amazônia”.

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