Primeiro episódio de série sobre epidemia da AIDS estreia em Gramado
Com direção geral do pernambucano Marcelo Gomes, a série 'Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente' teve seu primeiro episódio exibido no 53º Festival de Gramado
Publicado: 17/08/2025 às 15:34

(Edison Vara)
Foi exibido em primeira mão no último sábado (16), no 53º Festival de Cinema de Gramado, o primeiro episódio da série Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente, protagonizada por Johnny Massaro, Bruna Linzmeyer e Ícaro Silva. Produzidos pela HBO Max, os episódios vão ao ar sempre aos domingos, a partir do dia 31 de agosto.
O cineasta pernambucano Marcelo Gomes, de Cinema Aspirinas e Urubus e Estou Me Guardando pra Quando o Carnaval Chegar, é diretor geral da série e divide a direção dos episódios com Carol Minêm, de Todo Dia a Mesma Noite. Ambientada nos anos 1980, a história acompanha um grupo de personagens que se veem no meio da epidemia da AIDS, em especial a partir da rotina dos comissários de bordo vividos por Massaro e Linzmeyer.
Emblado por músicas icônicas da década, como Bete Balanço e De Repente Califórnia, o piloto da série mistura imagens com textura da época com a estética contemporânea, o que se reflete nos paralelos que a narrativa faz com os diferentes tipos de negacionismos que o mundo tem enfrentado, sobretudo durante a pandemia da Covid-19.
A trilha sonora carregada pouco a pouco cede lugar ao clima de tensão, com flertes oníricos cheios de visões e pesadelos que evocam o temor de contrair a doença — ainda que o clima do desfecho do episódio seja o de esperança, com a expectativa de os personagens contrabandearem a zidovudina(AZT) para o Brasil, em uma época na qual o remédio era proibido.
Também pernambucana, Hermila Guedes, que estreou no cinema justamente no primeiro longa de Marcelo Gomes, Cinema Aspirinas e Urubus, interpreta uma médica que alerta o protagonista sobre os perigos do vírus da HIV. A atriz trans Verónica Valenttina também tem um papel tematicamente central no episódio, interpretando a personagem Pantera, vítima fatal da AIDS personagem que enfatiza a importância do alerta sobre as prevenções.
Em conversa com o Viver, Marcelo Gomes fala da importância de trazer esse assunto para o contemporâneo, já que muitos jovens não fazem ideia do horror que foi vivido naquela época. "Fazer essa série me fez relembrar dores profundas daquela minha juventude, de ver tantas pessoas queridas e cheias de vida irem embora daquela forma brutal", lamenta. "As pessoas dessa nova geração precisam ter esse contato, a partir de uma linguagem atualizada, claro, com esse período tão trágico. Fazer esse primeiro episódio foi como filmar uma obra de terror, às vezes".
O diretor salienta que a série contou com a consultoria da médica Márcia Rachid, infectologista que trouxe uma série de informações de quem viveu e tratou várias pessoas durante o auge da epidemia e, além disse, reeducou toda a equipe a respeito das novas terminologias utilizadas com relação às pessoas portadoras do vírus da HIV para que o texto ficasse devidamente atualizado.
"Foi fazendo a série que eu aprendi, por exemplo, que não se usa mais o termo 'soropositivo', que hoje já é visto como pejorativo", destacou Johnny Massaro durante a coletiva de imprensa. "Quando você chama alguém assim, você está colocando aquela condição na frente do ser humano. É uma pessoa antes de qualquer coisa", completou Ícaro Silva.
Na mesma conversa, Bruna Linzmeyer falou da importância das cenas de sexo ao longo de Máscaras de Oxigênio. "São cenas em que a gente se aproxima mais dos personagens por vê-los em situações de intimidade. Podem ser importantes ferramentas de dramaturgia", afirma.

