'Quarteto Fantástico: Primeiros Passos' é a versão mais correta até hoje
Novo Quarteto Fantástico é dirigido por Matt Shakman (de 'WandaVision') e já está em cartaz nos cinemas do Recife
Publicado: 24/07/2025 às 17:00

Equipe foi o primeiro time de heróis criado pelo saudoso Stan Lee (Disney/Divulgação)
Há mais de 30 anos que Hollywood tenta levar a equipe Quarteto Fantástico às telas e os resultados gradativamente se transformaram em alvo de piada — pelo menos até agora. Conhecido por ser o primeiro time de super-heróis do universo criado pelo saudoso Stan Lee, o grupo protagonizou em 1994 sua primeira versão cinematográfica, de baixíssimo orçamento, que nunca chegou a ser lançada. Em 2005 e 2007, ganhou seus dois filmes mais repercutidos até então, dirigidos por Tim Story, e, em 2015, a refilmagem amplamente fracassada sob direção de Josh Trank.
Uma década depois, chega aos cinemas do Recife o filme Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, com os icônicos Senhor Fantástico (vivido agora por Pedro Pascal), Mulher Invisível (Vanessa Kirby), Tocha Humana (Joseph Quinn) e o 'Coisa' (Ebon Moss-Bachrach), com a equipe já ingressada no Universo Cinematográfico da Marvel e a promessa de retornarem nos próximos filmes da produtora, em especial no aguardado Vingadores: Doomsday.
Esta nova aventura é ambientadas em uma versão retro-futurista da Terra inspirada na década de 1960 (época em que a equipe foi criada). Aqui, o conhecido grupo de astronautas já começa a história com os poderes adquiridos em um voo experimental e, estabelecidos no mundo como protetores aclamados pelo povo, eles precisam enfrentar a ameaça de Galactus (Ralph Ineson), um ser cósmico devorador de planetas.
Dirigido por Matt Shakman, que comandou também para a Marvel a minissérie WandaVision, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é certamente a mais correta versão até aqui e, do ponto de vista de concepção visual, é um dos maiores acertos do estúdio dos últimos tempos. O humor espertinho e auto consciente típico do MCU é majoritariamente substituído por uma bem-vinda ingenuidade, um tom quase tolo no tratamento dos humanos mortais, por exemplo, que lembra até a fase inicial do universo.
Existe em Primeiros Passos ainda uma autonomia bastante vantajosa do ponto de vista dramático para o filme, que não depende do pré-conhecimento do restante das produções da Marvel para funcionar. E o conflito moral que se torna o centro do filme ganha tração graças principalmente ao magnetismo e presença de Vanessa Kirby (indicada ao Oscar em 2021 por Pieces of a Woman).
O Reed Richards de Pedro Pascal é um par funcional para a Sue de Kirby, mas não transmite o traquejo para galvanizar a plateia em um projeto como esse, menos ainda em projetos derivados. Joseph Quinn e Moss-Bachrach como Tocha e Coisa, respectivamente, mais preenchem o espaço de coadjuvantes do conflito central do casal Reed e Sue do que ganham conflitos próprios. Mesmo a nova versão do surfista prateado, a Shalla-Bal (Julia Garner), que tinha um potencial forte para o drama, acaba sendo subaproveitada e reaparece de maneira conveniente e abrupta.
Falta à direção também acompanhar as deixas visuais oferecidas por esse mundo, já que os planos frequentemente são iguais e seguros, sobretudo nas cenas internas. O diretor, inclusive, não demonstra inventividade no uso dos poderes: Reed Richards, por exemplo, estica menos do que os diálogos do filme, enquanto o Coisa e o Tocha surgem sempre como complementos da ação.
Irregular no saldo final, mas uniforme no seu engajamento dramático, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos representa, de toda sorte, um renascimento para esses personagens clássicos e tem ainda a grande vantagem de operar de maneira autônoma, algo que, dentro da Marvel, já pode ser considerado uma vitória.




