Artistas pernambucanos exaltam legado do Maestro Lessa
Um dos nomes mais importantes do carnaval pernambucano, Maestro Lessa nos deixou na última terça-feira, aos 89
Publicado: 23/07/2025 às 06:00

(Reprodução/Redes sociais)
Ontem o Recife amanheceu sob o som de um frevo de bloco saudoso, ecoando a memória de um dos maiores ícones da música pernambucana. Maestro Lessa, que marcou mais de 60 carnavais, parte significativa da história da nossa folia, faleceu aos 89 anos, em decorrência de um infarto, deixando um legado cultural que se espalhou pelo Brasil e por países da Europa.
Nascido em Nazaré da Mata, ainda jovem José Bezerra da Silva tocava trombone. Quando se mudou para o Recife, virou um dos grandes regentes do estado, passando a integrar várias agremiações, como Vassourinhas, Pitombeira dos Quatro Cantos, Elefante de Olinda e Tá Maluco.
Ao Viver, Nonô Germano, filho do mestre Claudionor Germano, destaca a influência do artista em diversas gerações de músicos. “Acabamos de perder mais um dessa geração gigante de maestros espetaculares que deixam uma herança inesgotável para todos os novos artistas que vieram depois dele”, exalta.
André Rio reforça: “Lessa nos ensinou a alegrar o coração dos foliões, sempre à frente da sua orquestra, sempre à frente do frevo pernambucano. Era uma pessoa do ontem, do hoje e certamente também do amanhã, já que seu legado permanecerá”. E prossegue: “Vou sentir uma saudade imensa da sua pessoa, mas guardo muita gratidão por tudo o que ele fez por nós”.
Geraldinho Lins relembra a importância do artista na solidificação da identidade cultural do povo de Pernambuco. "A contribuição do Maestro Lessa está em toda a construção e crescimento do frevo na identidade pernambucana e na manutenção desse estilo. Ele sempre esteve presente nos principais blocos que abrilhantam o carnaval de Olinda. Tive o privilégio de estar presente em muitos momentos desses com ele, como folião inclusive", pontua o cantor.
Valéria Moraes, do Coral Edgard Moraes, pontua que Lessa foi um baluarte do ritmo pernambucano: "Ele foi uma das figuras mais emblemáticas da história do carnaval de Pernambuco e um verdadeiro guardião do frevo. Com sua regência firme e apaixonada, conduziu gerações de músicos e emocionou multidões. Gratidão, mestre, sua missão foi cumprida".
"Ele fez parte da minha vida desde os meus 14 na orquestra Grêmio Musical Henrique Dias, quando eu tocava pistom e ele, trombone. Tocamos muitas vezes juntos e nos aproximamos demais. No carnaval, para mim, ele era a alma da festa. Última vez que o vi foi no seu aniversário, este ano, e agora sinto como se tivesse perdido um pai, porque com ele aprendi muitas coisas no frevo e na vida", manifesta o Maestro Oséas.
Ademir Araújo, conhecido por todos como Maestro Formiga, relembra a amizade com Lessa. “Foi uma pessoa que me ensinou a gostar do frevo de rua quando iniciei na Banda Municipal do Recife. Eu observava muito sua maneira de reger”, afirma. “É triste pensar em um carnaval sem o Maestro Lessa. Todos nós, artistas, vamos sentir muita falta de sua alegria inesgotável”, completa Cristina Amaral.
Ao som dos clarins, só resta dizer: bravo, Maestro Lessa!



