Autor de 'Guerreiros do Sol', George Moura fala sobre sucesso da novela
Escritor pernambucano George Moura, também responsável por 'O Rebu' e 'Onde Nascem os Fortes', conversa com o Viver com exclusividade sobre repercussão da novela
Publicado: 19/07/2025 às 06:00

(Globo/Estevam Avellar)
Fenômeno de repercussão desde que chegou no Globoplay no dia 11 de junho, Guerreiros do Sol, que revela um olhar épico e alegórico para o universo do cangaço, já está se encaminhando para sua parte final. Escrita pelo pernambucano George Moura e dirigida por Rogério Gomes, a história de amor cheia de emoções e viradas entre Josué (Thomas Aquino) e Rosa (Isadora Cruz) foi permeada por cenas brutais que surpreenderam o público e por reviravoltas que marcaram a galeria de personagens fortes que ganharam o coração de muita gente, como o caso do romance entre Otília (Alice Carvalho) e Jânia (Alinne Moraes).
No dia 6 de agosto, a novela chega ao seu último bloco, o que significa que muitas coisas ainda estão para acontecer nos próximos capítulos. Responsável por outras produções icônicas da televisão, como O Canto da Sereia, Amores Roubados, O Rebu e Onde Nascem os Fortes, George Moura acaba de consagrar mais um sucesso. Enquanto os telespectadores aguardam os desdobramentos da trama, o Viver conversou com o autor sobre o triunfo da narrativa para com a sua audiência.
Entrevista com George Moura (escritor):
Guerreiros do Sol ficou entre os primeiros colocados no ranking das duas plataformas e, quando o primeiro capítulo foi exibido na TV Globo, também manteve ótimos números. Como você tem percebido essa reação e a que você atribui esse sucesso?
"É impressionante a força que as histórias no universo do cangaço continuam a ter nos dias de hoje em todo o Brasil. A reação dos espectadores está sendo a melhor possível. Há um envolvimento muito forte com os personagens femininos, principalmente, e um orgulho pelo valor de produção de um épico brasileiro. Nos tocou muito o fato de as pessoas estarem abertas e desejosas por conteúdos mais ousados, como as temáticas homoafetivas num ambiente tão árido e masculino. É sempre uma aprendizado o diálogo com o público."
Na sua opinião, qual a maior vantagem dramática desse formato de 45 capítulos e do lançamento em blocos de cinco?
"Eu acho que fez com que a gente reduzisse o número usual de personagens, o que significou também um aprofundamento mais vertical dos conflitos dos protagonistas e daquele cenário. E, no meu caso, foi um privilégio enorme poder escrever tudo e participar de todo o processo de gravações e edição, porque você consegue enxergar e ter um bom controle sobre todo esse desenho, todo esse arco que dá vida àquela história."
Qual o tamanho da liberdade que vocês tiveram para conduzir essa narrativa permeada por elementos considerados tabus?
"Uma das virtudes do streaming está em poder mergulhar com maior profundidade em situações dramáticas mais complexas. Enquanto a televisão aberta sempre vai ter a limitação correspondente a cada classificação indicativa, no Globoplay ficamos mais soltos para explorar os limites inclusive dos atores com relação a esses aspectos mais desafiadores. E é um barato que as pessoas estão percebendo essa expansão de limites, e comentam como uma virtude artística."
A novela tem se destacado pela autenticidade na representatividade do cangaço. Em que a opção por um elenco com mais de 60% de atores da região tem influência nesse reconhecimento, para você?
"Com esse elenco, conseguimos sem muito esforço trabalhar com a prosódia e com a musicalidade inerentes a suas vozes e sotaques. Isso dá um naturalismo ao texto sertanejo e uma organicidade ao tom que eu considero muito importante em um trabalho como esse, que busca uma renovação. Não é um sotaque forjado, então as cenas ganham uma verdade dramática muito intensa".

