Projeto visa integrar cinema pernambucano à América Latina
Ponte Recife/Cartagena das Índias busca intercâmbio cultural entre o cinema pernambucano e a Colômbia
Publicado: 14/07/2025 às 07:00

Os produtores Tactiana Braga e Camerino Neto com a coordenadora institucional do FICCI, Gisela Perez (Foto: Hans Von Manteuffel)
Integrar Pernambuco através da sétima arte é a principal intenção por trás de uma ação que busca trazer o Festival Internacional de Cinema de Cartagena (FICCI) para o Recife. O evento, que transformou a cidade colombiana em um ponto artístico estratégico de conexão há 65 anos, sendo o mais antigo festival de cinema da América Latina, está buscando cada vez mais formas de se expandir.
Lutar pela consolidação de uma identidade sul-americana é parte disso, e assim surge o projeto Ponte Recife/Cartagena das Índias, que promoverá no próximo ano uma mostra do FICCI na capital pernambucana, ao mesmo tempo em que uma mostra pernambucana ocupará a cidade colombiana. A iniciativa também contará com uma delegação saindo do estado e seguindo para o país vizinho para rodada de negócios e vice-versa.
O projeto, que tem idealização e produção de Tactiana Braga e coordenação de Camerino Neto, promove a abertura de um espaço de intercâmbio na América Latina para fortalecer a conexão entre as duas cidades, conhecidas pela repercussão histórica de seus cinemas, e, consequentemente, dos países. A seleção dos filmes de Recife para o FICCI será feita por inscrição pública e definida pelo comitê do festival, enquanto a delegação que participará do FICCI sera escolhida com cotas de representatividade, priorizando a diversidade e a igualdade de gênero, inclusão LGBTQIAP+ e representatividade etária.
À reportagem do Viver, Tactiana, diretora executiva da B52 Desenvolvimento Cultural, comenta sobre a importância da reafirmação cultural do continente: “Estamos sempre pensando nos Estados Unidos e na Europa e, embora seja importante a nossa presença nos festivais consagrados, temos que nos unir enquanto sul-americanos, fortalecer a participação criativa dos povos originários e valorizar as nossas semelhanças, que são muitas”. A produtora afirma ainda que “o cinema é estratégico para a economia e temos todo o potencial para crescer ainda mais se estivermos juntos”.
Gisela Perez, advogada de formação e coordenadora institucional do FICCI, tem sido a responsável por levar a capacidade transformadora do cinema aos recantos remotos da geografia colombiana e por fortalecer as alianças com o exterior através do cinema itinerante. “Achamos que o Brasil seria o melhor país para começar esse momento de expansão não só pela riqueza geográfica e pela diversidade cinematográfica do país, mas principalmente porque existem várias coisas em comum com a Colômbia, tanto em relação às cidades e ao clima como também na energia, na força da arte”, destaca Gisela. “As pessoas falam muito em uma ‘barreira da língua’, mas eu acho que isso não existe. Já exibimos filmes brasileiros para crianças em Cartagena e dá para ver como conseguimos nos entender perfeitamente”, observa.
Camerino Neto complementa: “A gente passou muito tempo virado para o Atlântico, mas é essencial descolonizar o olhar. Temos muito para trocar.”

