Ubiratan Muarrek mistura teatro e literatura em seu novo livro
Lançamento com debate acontece nesta segunda-feira, às 19h, na Livraria do Jardim; autor paulista estará ao lado da educadora Fernanda Pessoa
Publicado: 25/06/2025 às 15:45

Escritor Ubiratan Muarrek (Foto: Divulgação)
Entre livros e palcos sempre houve um caminho de ida e volta. Com Meio do Céu, o escritor paulista Ubiratan Muarrek decide percorrer esse trajeto de forma simultânea, rompendo com o narrador em primeira pessoa e abrindo mão da onisciência da terceira. Em seu lugar, emerge uma prosa construída por vozes que agora retornam ao Recife, cidade natal dos personagens. O lançamento acontece na próxima segunda-feira, às 19h30, na Livraria do Jardim, com debate entre o autor e a professora e escritora Fernanda Pessoa.
Escrito em forma de peça, o livro conduz o leitor por diálogos secos e silêncios carregados. A história se passa em Londres, em 25 de julho de 2000, mesmo dia em que 113 pessoas morreram no acidente com a aeronave Concorde, em Paris. A tragédia funciona como metáfora central da obra, que anuncia um século de rupturas, desigualdade e instabilidade.
Na metrópole inglesa, duas amigas brasileiras, Sofitel e Greta — uma negra e uma branca, ambas vindas de um Recife ainda assombrado pela escravidão — se reencontram em um parque e confrontam o passado que compartilham. A partir desse embate, Muarrek constrói o que o dramaturgo Leo Lama define como uma “cacofonia de palavras”, na qual as personagens, como o próprio Concorde, atravessam suas zonas de turbulência pessoal e histórica.
Com carreira já consolidada na literatura brasileira, sendo autor dos romances Corrida do Membro (2007) e Um Nazista em Copacabana (2016), semifinalista do Prêmio Oceanos, Ubiratan Muarrek reafirma aqui sua aposta na tragicomédia como lente para o Brasil contemporâneo: “Nas raízes da comédia há uma capacidade de perigo muito mais ameaçadora do que qualquer sentimento gerado pela tragédia. Tempos ameaçadores, arte ameaçadora, ao invés de arte ameaçada. Daí a minha escolha pelo tragicômico”, explica o escritor, que devolve ao Recife uma narrativa que, ao mesmo tempo, o reconhece e o confronta.

