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EDUCAÇÃO

Educadora de berçário em Paulista transforma o cotidiano em aprendizagem sensorial e conquista 3° lugar nacional no Prêmio Educador Nota 10

Marta da Silva, de 47 anos, é professora na Creche Municipal Maria Anunciada de Arruda, em Pau Amarelo, Paulista, no Grande Recife. Ela ficou em 3° lugar no Prêmio Educador Nota 10 após promover um projeto de aprendizagem sensorial os alunos da unidade de ensino

Bartô Leonel e Nicolle Gomes

Publicado: 24/11/2025 às 09:24

Marta da Silva, de 47 anos, é professora na Creche Municipal Maria Anunciada de Arruda, em Pau Amarelo, Paulista, no Grande Recife/Foto: Acervo Pessoal/Cortesia

Marta da Silva, de 47 anos, é professora na Creche Municipal Maria Anunciada de Arruda, em Pau Amarelo, Paulista, no Grande Recife (Foto: Acervo Pessoal/Cortesia)

Foi em uma das atividades de comemoração aos 89 anos da cidade de Paulista, no Grande Recife, celebrado no ano passado, que a professora da Creche Municipal Maria Anunciada de Arruda, Marta Silva, de 47 anos, desenvolveu uma atividade sensorial que trouxe o mar ao encontro dos alunos dentro da sala de aula. O projeto foi tão bem-sucedido que foi reconhecido como o terceiro melhor do Brasil no eixo de sustentabilidade do Prêmio Educador Nota 10 de 2025, no último dia 28 de outubro.

“Como as crianças do berçário aprendem com a parte sensorial, aproveitei que moramos em uma cidade litorânea e trouxe o mar para dentro da sala. Envolvemos os bebês em tecidos azuis de diferentes tonalidades e texturas e trouxemos conchas e areia da praia com a proposta pedagógica de trabalhar com a natureza, evitando o contato das crianças apenas com brinquedos de plástico”, explicou a professora, que trabalha há 18 anos rede de ensino de Paulista.

Além do ambiente formado na sala de aula, que contou também com uma imersão auditiva com os sons das ondas do mar, a professora também abordou com as crianças leituras de livros relacionados ao tema marítimos, além da exposição de fotografias das praias da cidade.

“Quando elas entravam, a sensação que elas estavam na praia, com as crianças. Uma mãe comentou: ‘Meu Deus, parece que está na praia mesmo, que lindo’. Comentei com a mãe: ‘Kelly, Ravi conhece a praia?’ Ela disse ‘não’. Eu falei: ‘Poxa, mas é tão pertinho, não custa nada’. E ela disse: ‘Vai você com cinco meninos’. Eu me sensibilizei, e o projeto nasceu dessa fala dela. O projeto nasceu do olhar atento, as experiências das crianças e assim, a compreensão da situação de cada um. Eu queria transformar o cotidiano em uma oportunidade de aprendizado, e foi o que aconteceu”, compartilha.

Ressignificando a creche

Marta ressalta a importância de a creche ser vista como um espaço de aprendizado e não apenas de cuidado, combatendo o senso comum de que creches servem somente para "deixar a criança".

“Um dos objetivos é que as famílias percebam que a creche é um lugar de aprendizado também. Já é um senso comum, que eles só vêm para creche, para comer e dormir, para ser tomado conta. Tem a parte do cuidar, mas que também tem a parte do aprendizado. O aprendizado (para os pequenos) não é como para os meninos grandes, eles aprendem com o corpo, com os sentidos deles todos”, compartilha.

Representatividade

A docente também conta como foi o sentimento de ter o projeto reconhecido no prêmio e a importância desse reconhecimento para a representatividade que isso carrega.

“Eu trouxe essa visibilidade, principalmente para o meu município, e a única turma do berçário que tem aqui no município de Paulista é minha. Então, eu quis trazer essa visibilidade para eles. Receber o prêmio, independente da classificação, para mim foi uma emoção muito grande, mas também um momento de profunda reflexão sobre a responsabilidade que esse reconhecimento traz”.

Para ela, o valor maior do prêmio não está na colocação ou no dinheiro, mas na visibilidade dada à educação infantil e à importância de investir nessa fase crucial da vida.

“Eu inscrevi o projeto, não pelo pela classificação ou pelo dinheiro, esse foi o menos importante para mim. Inscrevi para dar visibilidade à educação infantil, principalmente da primeira infância. Porque os governos falam muito do Enem, eles falam muito das provas de vestibular, então o foco é nessa turma. E assim, e se a gente começar a investir desde pequeno? A base, a gente verbaliza muito isso, que a base é educação infantil, mas não se dá visibilidade nem investimento na educação infantil”, relata.

Além de seu trabalho em sala, Marta demonstra uma visão cidadã profunda, afirmando que sua atuação é uma forma de devolver à comunidade tudo o que a escola pública lhe proporcionou. Ela explica que suas motivações principais são duas: o trabalho em prol da comunidade e o amor pelo ensino.

“Primeiro que é uma escola pública. É aqui que exerço o meu espírito público, no sentido de devolver tudo que a escola pública me deu. Fui aluna de escola pública, do ensino básico e fui aluna da universidade pública. Tenho essa consciência que sou uma funcionária pública, eu estou aqui para devolver tudo que recebi. E segundamente, é o ato de educar. É um trabalho contínuo, precisa seguir, e justamente para essa transformação, a educação é isso. A gente quer transformar o mundo através da educação, a gente não pode ser uma utopia, tem que ser uma verdade. E trago isso comigo nas minhas propostas pedagógicas”.

Pernambuco representado

Além de Marta, outro docente pernambucano foi reconhecido no Prêmio Educador Nota 10 de 2025. O professor Gustavo Santos, da Escola Técnica Estadual (ETE) Professor Paulo Freire, em Carnaíba, no Sertão do Estado, realizou um projeto que integrou os alunos com ciência e a comunidade onde vivem. Ele conquistou o título de Educador do Ano. “Foi muito lindo trazer esse reconhecimento para Pernambuco. Dois professores pernambucanos”, relembra Marta, sobre o reconhecimento de ambos os projetos.

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