Pernambuco avança o tratamento da hemofilia infantil com nova medicação
No Hemope, autoridades e famílias celebram a ampliação do uso do Emicizumabe no SUS para crianças de 0 a 6 anos, garantindo mais qualidade de vida e menos sofrimento
Publicado: 24/10/2025 às 17:27
Pernambuco avança o tratamento da hemofilia infantil com nova medicação (Phillipe Jonathan/SES)
Nesta sexta-feira (24), Pernambuco recebeu movimento em favor da ampliação do uso do medicamento Emicizumabe no Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa, que tem como foco o tratamento de crianças de 0 a 6 anos com hemofilia A, foi celebrada em evento na Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), reunindo autoridades, profissionais de saúde, associações de pacientes e familiares. O movimento integra a campanha nacional do Ministério da Saúde, que reforça o compromisso do SUS com o cuidado integral e a proteção da primeira infância.
O Emicizumabe, é um medicamento aplicado de forma subcutânea e semanal, tratamento tradicional com o Fator VIII recombinante, que exige aplicações intravenosas frequentes. O fármaco já é utilizado pelo SUS em pacientes acima de seis anos, mas a proposta em análise pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) prevê a ampliação para a faixa etária mais jovem, reduzindo dores e riscos associados às picadas de veia repetitivas especialmente em crianças pequenas. A decisão final da Conitec deve ser publicada em novembro.
Durante o evento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por vídeo conferencia, destacou a importância do avanço para o sistema público de saúde e relembrou o papel histórico do SUS na regulação da rede de sangue no país.
“Hoje celebramos não apenas um avanço tecnológico, mas a consolidação de uma política pública que salvou vidas. Antes do SUS, transfusões de sangue eram um risco, sem controle e sem regulação. O que construímos desde 1988 é uma rede segura, pública e solidária”, afirmou o ministro.
Padilha ressaltou ainda que o Brasil é hoje o maior mercado público do mundo em oferta gratuita do Emicizumabe, com investimento direto do Ministério da Saúde.
“Um tratamento como esse pode custar até R$ 350 mil por ano se fosse pago pelas famílias. Oferecê-lo de forma gratuita é garantir dignidade, qualidade de vida e soberania sanitária. Com a incorporação, vamos reduzir o sofrimento das crianças e das famílias e ainda gerar economia para o SUS”, disse.
A mobilização em Pernambuco contou também com a presença do secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Mozart Sales, que atuou diretamente na negociação com a indústria farmacêutica.“As conversas com a indústria foram duras, mas necessárias. Essa conquista só foi possível porque o SUS tem estrutura técnica e política para negociar em favor da população. É um salto histórico na assistência às crianças com hemofilia”, destacou Sales.
A mobilização nacional aconteceu simultaneamente em Pernambuco, Ceará, Paraná, Pará, Bahia e no Distrito Federal, com o objetivo de sensibilizar a sociedade e fortalecer o debate público em torno da incorporação definitiva do medicamento ao SUS.