"Queremos trabalhar, não viver do Estado", diz representante dos condutores de autoescolas em protesto, na Agamenon
Manifestantes deixaram a concentração, próximo ao Tacaruna, e seguiram pela Avenida Agamenon Magalhães em direção Pina, no final da manhã desta quinta (23)
Larissa Aguiar e Nicolle Gomes
Publicado: 23/10/2025 às 11:44

Concentração para o protesto das autoescolas (Melissa Fernandes/DP )
Instrutores e trabalhadores de autoescolas de todo o estado ocuparam, na manhã desta quarta-feira (23), as ruas do Recife em protesto contra a minuta divulgada pelo Governo Federal que propõe mudanças no processo de formação de condutores no Brasil. O ato, organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Autoescolas de Pernambuco (SINTRAINSTRU-PE), reuniu representantes de diversas cidades e busca chamar atenção para o que consideram “uma ameaça à categoria e ao emprego de milhares de famílias”.
“Queremos trabalhar, não viver do Estado”, desabafou o presidente do SINTRAINSTRU-PE, Jânio Silva, ao falar que a proposta em discussão pode gerar mais de seis mil demissões apenas em Pernambuco. “Atrás desses seis mil trabalhadores existem famílias inteiras que dependem dessa renda. Se as empresas fecharem as portas, quem vai pagar a conta? O Estado?”, afirmou.
A manifestação fez parte de um movimento nacional, com atos realizados simultaneamente em diferentes estados. Em Pernambuco, o protesto está previsto para as 11h, segundo o sindicato, com mais de 500 veículos.
Com concentração na área central do Recife, o protesto tem o objetivo de sensibilizar o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que reconsiderem o texto da minuta, atualmente em consulta pública. “Queremos que o ministro e o presidente, que conhece a luta sindical, olhem para essas pessoas que vão ficar sem emprego. Essas pessoas querem trabalhar”, reforçou.
O principal ponto de contestação é a possibilidade de flexibilização no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o que, segundo o sindicato, abriria brecha para que pessoas sem formação técnica passassem a exercer funções que exigem qualificação. “Estão querendo colocar qualquer pessoa, sem saber técnico, para assumir funções que exigem preparo. Isso compromete a segurança de quem aprende e de quem está nas ruas”, disse Jânio.

