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DIA DOS PROFESSORES

Dia do Professor: educador com meia década de carreira lecionou para filhos e neto

Dimas de Oliveira Vieira atua como professor desde 1976 e hoje ensina ao neto em uma escola no Recife

Bartô Leonel

Publicado: 15/10/2025 às 06:00

Dimas de Oliveira Vieira é professor há quase 50 anos/Foto: Crysli Viana/DP Foto

Dimas de Oliveira Vieira é professor há quase 50 anos (Foto: Crysli Viana/DP Foto)

No dia em que o Brasil celebra o Dia dos Professores, 15 de outubro, a história de Dimas de Oliveira Vieira, 72 anos, é um retrato fiel da dedicação e do amor pela educação que atravessa gerações. O educador trabalha hoje como coordenador de Biblioteca da Erem Clídio de Lima Nigro, em Olinda, e como professor de Artes de uma escola privada em Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, onde atua há 48 anos.

Com quase meio século de magistério, Dimas ainda entra em sala de aula com o mesmo entusiasmo de quando começou, em 1976. Hoje, ele tem um aluno especial, que é o próprio neto, Benício Vieira, de 9 anos. “Enquanto pensei em parar, meu filho pediu que eu continuasse para acompanhar meu neto. Então fiquei, por ele e pelo amor à profissão”, conta o professor, com a voz serena de quem encontra sentido no que faz.

O professor Dimas iniciou sua vida profissional em 1973, como auxiliar de administração do Estado. Três anos depois, começou a lecionar Arte na rede pública e, desde então, nunca mais deixou a sala de aula.

Formado em Artes Industriais e Artes Visuais Digitais, com passagem pela tradicional Escola de Belas Artes, Dimas construiu uma carreira marcada pelo amor ao ensino em diversas instituições. “Ensinar é plantar uma semente e ver o fruto crescer”, define, com simplicidade.

Uma sala de aula dentro de casa

O professor Dimas não só ensinou milhares de alunos ao longo da carreira, mas também lecionou para seus quatro filhos. Dois seguiram carreira militar, um é tenente, e o mais novo cursa Educação Física. Agora, ele repete a experiência com o neto Benício, aluno do quarto ano do ensino fundamental.

“É uma alegria enorme entrar na sala e ouvir meu neto dizer: ‘Vovô, não quero perder uma aula sua’. Isso não tem preço. Ver meus filhos e meu neto aprendendo comigo é como reviver o propósito que sempre tive: educar com amor”, conta.

Mesmo depois de se aposentar da rede pública, Dimas segue firme na missão de ensinar, mas destaca que “o professor hoje é desvalorizado. A sociedade mudou e as dificuldades aumentaram. Mas o prazer de ensinar continua o mesmo. Trabalhar com a aprendizagem e ver o resultado disso é o que nos realiza”.

A paixão pela educação, aliada à vocação artística, o fez resistir às dificuldades e se reinventar. Após enfrentar problemas de voz, foi readaptado como coordenador de biblioteca, função que ele abraçou com o mesmo entusiasmo. “Trabalhar na biblioteca é continuar ensinando. A leitura também é uma forma de estar em sala de aula.”

Quando questionado sobre a importância do professor na sociedade, Dimas responde como quem fala da própria vida que “o professor é um inspirador. É quem desperta o interesse, orienta e ajuda a formar cidadãos. É uma missão de vida”.

Dimas ainda destaca que tem orgulho de ter contribuído para a educação escolar dos filhos. “É como se fosse um caminho que eu trilhei, que eu quis carregar. É um orgulho transformar vidas e assumir essa missão. Quando meus filhos passaram a ser mais alunos, me senti mais orgulhoso ainda de ter passado conhecimento”.

Origem do Dia dos Professores no Brasil

No dia 15 de outubro de 1827, o imperador Dom Pedro I assinou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. O decreto determinava que todas as cidades, vilas e povoados deveriam manter escolas de primeiras letras, estabelecendo também diretrizes sobre salários, matérias obrigatórias e formas de contratação dos professores, um passo fundamental para a estruturação da educação nacional.

Em 1947, a data ganhou um novo significado quando um grupo de professores paulistas decidiu transformar o 15 de outubro em um dia de homenagem à profissão. A iniciativa partiu do educador Samuel Becker, que, junto a outros colegas, buscava uma pausa no longo calendário letivo da época, que ia de 1º de junho a 15 de dezembro, com apenas dez dias de descanso.

Movidos pelo desejo de celebrar o ofício, Becker e três professores organizaram um encontro no dia 15 de outubro, em referência ao decreto de Dom Pedro I. Professores e alunos participaram da confraternização, levando doces de casa e transformando o momento em uma festa de reconhecimento e valorização do ensino.

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