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Estelionato

Golpe envolvendo "falso consórcio" provoca prejuízo de  mais de R$ 1 milhão a centenas de clientes

Grupo criminoso atuava com empresas e enganava vítimas com contratos falsos e promessas de "cartas contempladas".   Cinco pessoas foram presas no Espinheiro, na Zona Norte do Recife

Cadu Silva

Publicado: 09/10/2025 às 13:06

Delegados esclareceram detalhes do golpe em coletiva nesta quinta-feira (9)
/DIVULGAÇÃO/PCPE

Delegados esclareceram detalhes do golpe em coletiva nesta quinta-feira (9) (DIVULGAÇÃO/PCPE)

A Polícia Civil de Pernambuco prendeu em flagrante cinco pessoas, sendo dois homens e três mulheres, suspeitos de aplicar golpes e enganar centenas de pessoas, por meio de falsas vendas de cartas contempladas de consórcio. O prejuízo estimado é de mais de R$ 1 milhão.

A organização foi autuada por estelionato e associação criminosa, segundo a Polícia Civil de Pernambuco, que detalhou, nesta quinta (9), a ação realizada na terça (7), no Recife.

O delegado titular da Delegacia do Jordão, Alaumo Gomes foi o responsável pela investigação que resultou nas prisões de Débora Silva Demas, Érika Maria da Silva Gomes, Tiago Luna de Lima Silva Herculano, Maria Eduarda de Lima Torres e Geová Fernando Nonato da Silva, mentor da organização.

Segundo o delegado, o grupo foi detido no momento em que recebia R$ 5mil de mais uma vítima, em uma loja instalada em uma galeria comercial no bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife.

 Como era a atuação da quadrilha

De acordo com o delegado, os investigados “atuavam de forma articulada, criando um ambiente de aparente legalidade para enganar as vítimas”. Ele explicou que o grupo montava lojas organizadas, com fachada de empresa e funcionários uniformizados, a fim de dar aparência de credibilidade.

“As mulheres eram responsáveis pela triagem e atendimento inicial. Elas faziam o teatro da negociação, apresentavam contratos e simulavam aprovações imediatas, enquanto os dois homens, Geová e Tiago, coordenavam as operações e recebiam o dinheiro das vítimas”, afirmou.

Ainda de acordo com as investigações, as vítimas faziam pagamentos por meio de transferências via Pix ou em dinheiro, acreditando que receberiam o valor do consórcio.

Durante o flagrante, os policiais apreenderam R$ 7 mil em espécie, celulares, maquinetas, documentos, além de um veículo de luxo utilizado pelos suspeitos.

O delegado informou que há centenas de boletins de ocorrência registrados contra os suspeitos em outras unidades policiais do Recife e Região Metropolitana.

“Eles agem de forma itinerante, mudando constantemente a sede da loja física e o nome da empresa, tanto para se esquivar das vítimas quanto para dificultar o trabalho das forças de segurança”, disse.

 Mentor do grupo

Após o flagrante, a equipe seguiu até a residência do suspeito, localizada na comunidade do Jiquiá, na Zona Oeste do Recife.

No local, foram encontrados objetos de alto valor e uma casa “muito bem estruturada, incompatível com a renda declarada dele e da esposa”, informou o delegado.

O indício é de que os bens foram adquiridos com o dinheiro proveniente dos golpes. Geová já tinha cinco passagens pela polícia e é investigado desde 2022 por aplicar esse mesmo tipo de fraude.

Alteração na lei exige que vítimas formalizem representação criminal

O delegado também alertou sobre uma mudança trazida pelo pacote anticrime, que alterou o artigo 171 do Código Penal. “Com a alteração legislativa, o crime de estelionato passou a depender de representação criminal. Ou seja, o boletim de ocorrência por si só não é suficiente para que a polícia prossiga com o inquérito. É necessário que a vítima compareça à delegacia e assine o termo de representação”, explicou.

Alaumo reforçou que a Delegacia do Jordão conduz o inquérito principal do caso e que o número de vítimas pode ultrapassar centenas, com prejuízo total estimado em mais de R$ 1 milhão.

“Convocamos todos que foram lesados por esse grupo a comparecer à delegacia, de segunda a sexta, das 8h às 18h, para formalizar a representação e garantir a continuidade das investigações”, disse o delegado.

“Após o flagrante, todos foram conduzidos à audiência de custódia e estão à disposição da Justiça Pública”, informou Alaumo. Ele acrescentou que a Polícia Civil continuará investigando para identificar novas vítimas e eventuais ramificações do grupo em outros bairros do Recife e cidades vizinhas.

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