Pernambuco testa inteligência artificial no aprendizado de inglês de alunos da rede pública
A tecnologia é desenvolvida pela Jinso Labs, startup de EdTech com sede nos Estados Unidos, que aposta no uso da IA para democratizar o ensino de idiomas
Publicado: 08/10/2025 às 18:08

Pernambuco testa inteligência artificial no aprendizado de inglês de alunos da rede pública (Rafael Vieira/DP)
Estudantes da rede pública estadual e municipal do Recife participam de um projeto-piloto que utiliza inteligência artificial (IA) para aprimorar a escrita e a fluência oral em inglês, com uma ferramenta que funciona inteiramente pelo WhatsApp. A iniciativa, implementada nos programas Ganhe o Mundo (do Governo do Estado) e Recife no Mundo (da Prefeitura), tem o objetivo de preparar jovens para o intercâmbio internacional.
A tecnologia é desenvolvida pela Jinso Labs, startup de EdTech com sede nos Estados Unidos, que aposta no uso da IA para democratizar o ensino de idiomas. O sistema oferece um “tutor virtual” capaz de conversar com o aluno por voz ou chat, corrigindo em tempo real a gramática e a pronúncia. O diferencial está na acessibilidade: tudo acontece dentro do aplicativo, sem necessidade de downloads, cadastros ou equipamentos especiais.
“A escolha do WhatsApp não foi por acaso. É uma ferramenta presente em praticamente todos os lares brasileiros e permite que até quem vive em regiões com pouca infraestrutura possa ter acesso a um ensino de inglês de padrão internacional”, explica Daniel Villanova, head de operações da Jinso no Brasil. Segundo ele, a tecnologia é “voice-first” e foi desenhada para falantes de português e espanhol, levando em conta as dificuldades típicas de quem aprende inglês como segunda língua.
No Recife, a plataforma começou a ser testada na Escola Municipal Maria Sampaio de Lucena, no Ibura. A gestora de intercâmbio educacional da Prefeitura, Renata Serpa, destaca que o objetivo é complementar o ensino tradicional, com foco em comunicação e confiança dos alunos. “A inteligência artificial chega como uma ferramenta de apoio, tanto para o professor quanto para o estudante. No caso do Recife no Mundo, queremos que os alunos consigam se expressar melhor antes do intercâmbio. A tecnologia permite simular diálogos reais em inglês, o que fortalece muito a fluência”, afirma.
O programa municipal atualmente beneficia mil estudantes e cinquenta professores com aulas complementares de inglês. Desse grupo, cem alunos e dez docentes serão selecionados para o intercâmbio em Canadá, Estados Unidos e Inglaterra, marcado para 2026.
Na rede estadual, a ferramenta da Jinso está sendo utilizada por alunos do programa Ganhe o Mundo, que embarcam em novembro. De acordo com Paulo Dutra, secretário executivo de Ensino Médio e Educação Profissional de Pernambuco, o piloto foi implementado em três escolas para avaliar resultados e adaptar a metodologia.
“É como se o estudante tivesse um parceiro de treino disponível o dia inteiro. Ele pode conversar, errar, repetir, e o sistema vai corrigindo e orientando. Isso dá uma liberdade de prática que nem sempre a sala de aula oferece”, observa o gestor.
Na rotina escolar, o aplicativo tem se mostrado um aliado importante. O professor Gildean Araújo, da Escola de Referência em Ensino Médio de Timbaúba (Eremt) que integra o piloto, relata o entusiasmo dos estudantes.
“Ou a gente usa a inteligência artificial a nosso favor, ou fica para trás. A ferramenta não substitui o professor, mas complementa o trabalho. Os alunos podem treinar o listening, o speaking, o reading e o writing em qualquer hora do dia. É uma conversa no WhatsApp que, ao mesmo tempo, é uma aula. Isso democratiza o aprendizado do inglês”, explica.
Pernambuco como vitrine de inovação
O interesse da Jinso Labs por Pernambuco não é casual. O Estado concentra um dos maiores polos de formação em tecnologia do país, e o ecossistema de inovação do Porto Digital tem sido referência internacional.
Para o cofundador e CEO da startup, Jay Gopalan, formado pela Universidade de Harvard, a iniciativa tem potencial transformador. Ele conta que a ideia nasceu de uma experiência pessoal: “Passei quatro anos estudando gramática coreana e quase não aprendi nada. Mas dois meses imerso na Coreia me ensinaram mais do que anos de estudo. Foi aí que percebi o valor da prática real e decidi criar uma ferramenta que reproduzisse essa imersão com a ajuda da inteligência artificial”.
Atualmente, a Jinso opera em 18 países, incluindo México, Colômbia, Argentina, Canadá e Estados Unidos

