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Agroecologia e cidadania: Centro Sabiá foca em apoio à agricultura familiar e ao semiárido no Estado

O Centro Sabiá, criado em 1993, atua em todas as regiões do Estado de Pernambuco para auxiliar a população que vive da agricultura familiar

Nicolle Gomes

Publicado: 01/10/2025 às 10:47

Na Comunidade Sítio Gameleira, localizada na cidade de Itatim, na região do Sertão do Pajeú, divisa com a Paraíba, vivem cerca de 35 famílias sertanejas. A maioria das famílias vivem da agricultura (feijão, milho, fava, faijão gandu, melancia, pepino, xuxu, gergelim) e criação (gado, bode, ovelha, porco, etc ) de animais. Algumas poucas pessoas tem emprego fora, mas no geral, todos plantam e criam e a subsistência tem base nessa práticas – alguns complementam a renda com bolsa família e venda de alguns cultivos orgânicos. Como em todas as regiões do semiárido, a convivência com o semiárido exige uma enorme organização e planejamento familiar. Além da primeira e da segunda água, que quase todas as famílias tem - através das cisternas implementadas a partir da década de 90 pelos governo federal e governo do estado -  as famílias tem também acesso à agua encanada que chega uma vez por semana e à um olho d’água.  E também nove das 35 famílias que vivem na Gameleira estão testando um projeto de reutilização de água cinza, o REC, implementado pela organização não governamental Sabiá. A ideia foi implementada há cerca de 2 anos, e torna reaproveitável as águas que são utilizadas no banho, na lavagem de roupas e louça. Na Gameleira, a agua encanada utilizada para tal fim vem do rio Pajeú – essa água chega todas as segundas feira nas casas. Antes da implementação do REC as águas eram jogadas fora, dispensada muitas vezes nos quintais. Agora, passam por um processamento de filtragem, com carvão, brita e areia, e através de canos e mangueiras chega à arvores frutíferas e plantas que alimentam os animais de criação (diversos tipos de palma, capim, cana de açúcar, frutíferas diversas)/Ana Mendes/Imagens Humanas

Na Comunidade Sítio Gameleira, localizada na cidade de Itatim, na região do Sertão do Pajeú, divisa com a Paraíba, vivem cerca de 35 famílias sertanejas. A maioria das famílias vivem da agricultura (feijão, milho, fava, faijão gandu, melancia, pepino, xuxu, gergelim) e criação (gado, bode, ovelha, porco, etc ) de animais. Algumas poucas pessoas tem emprego fora, mas no geral, todos plantam e criam e a subsistência tem base nessa práticas – alguns complementam a renda com bolsa família e venda de alguns cultivos orgânicos. Como em todas as regiões do semiárido, a convivência com o semiárido exige uma enorme organização e planejamento familiar. Além da primeira e da segunda água, que quase todas as famílias tem - através das cisternas implementadas a partir da década de 90 pelos governo federal e governo do estado - as famílias tem também acesso à agua encanada que chega uma vez por semana e à um olho d’água. E também nove das 35 famílias que vivem na Gameleira estão testando um projeto de reutilização de água cinza, o REC, implementado pela organização não governamental Sabiá. A ideia foi implementada há cerca de 2 anos, e torna reaproveitável as águas que são utilizadas no banho, na lavagem de roupas e louça. Na Gameleira, a agua encanada utilizada para tal fim vem do rio Pajeú – essa água chega todas as segundas feira nas casas. Antes da implementação do REC as águas eram jogadas fora, dispensada muitas vezes nos quintais. Agora, passam por um processamento de filtragem, com carvão, brita e areia, e através de canos e mangueiras chega à arvores frutíferas e plantas que alimentam os animais de criação (diversos tipos de palma, capim, cana de açúcar, frutíferas diversas) (Ana Mendes/Imagens Humanas)

Agroecologia e cidadania: esses são dois dos principais pilares do trabalho do Centro Sabiá, uma organização não governamental (ONG) que atua em todo o Estado há 31 anos, auxiliando a população pernambucana que vive da agricultura familiar, avlorizando saberes tradicionais e promovendo cidadania rural.

Fundada em 1993 e sediada no Recife, o Centro Sabiá, nasceu para ser um aparelho de combate à fome, e se tornou um agente imprescindível para cerca de duas mil famílias que recebem apoio de desenvolvimento para agricultura agroflorestal, também conhecida como agrofloresta ou sistemas agroflorestais.

“O Centro Sabiá faz um trabalho prioritário de assessoria técnica à agricultura familiar, à quilombolas, à comunidade tradicionais no sentido de garantir que os agricultores possam construir um processo de transição agroecológica, sair de uma agricultura que usa, insumos químicos, adubo químico, principalmente transgênico, para uma agricultura mais ecológica em uma transição agroecológica”, conta o Coordenador de Mobilização Social do Centro Sabiá, Carlos Magno.

O Centro trabalha a agroecologia também uma vertente de transformação social, além da questão ambiental, Carlos detalha. “A agroecologia não é apenas essa perspectiva da mudança dos insumos, mas é uma perspectiva de você respeitar, por exemplo, o direito das mulheres, construir um ambiente familiar e a cidadania, destacar o papel das mulheres na agricultura. É também uma mudança sociocultural”.

A organização mira consolidar esse papel de apoio às populações vulneráveis e de mediação entre estes grupos e outros agentes, para alcançar mais pessoas. Atualmente, a organização tem levantado a pauta da visibilidade para o semiárido brasileiro, abrangendo também a questão climática. “A gente tem apostado nisso de conseguir consolidar essa posição, de ser esse sujeito protagonista dessa ação climática no semiárido, de uma organização que trabalha com isso e que problematiza isso”, compartilha Carlos.

Sobre o futuro do Centro, a expectativa é continuar aprimorando o trabalho para auxiliar quem precisa.

“A gente tem um trabalho no território pernambucano de muita transformação mesmo, e isso faz com que a gente possa estar em espaços maiores falando, trazendo esses debates nacionais e internacionais, mas é porque a gente tem o pé no chão assim, com o pé fincado na realidade, com as famílias agricultoras, com as organizações camponesas, indígenas, né, com os povos tradicionais. A gente não representa essas organizações que elas têm seus próprios representantes, mas a gente tá junto delas e tem legitimidade para fazer esse debate”, destaca Carlos.

A partir do importante trabalho, o Centro conquista espaços valiosos para defender as pautas que valoriza. A organização estará presente na próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, também chamada de COP30, em Belém, no Pará.

“A gente tá no momento de assim, de expansão, mas sobretudo, do desejo de impactar mais gente e de construir pontes”, diz o coordenador.

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