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JUSTIÇA

Caso Felca: MPSP denuncia preso em Olinda por ameaça e corrupção de menor

Cayo Lucas é acusado de fazer parte de uma organização criminosa digital envolvida em casos de pedofilia, estupros virtuais e ameaças a autoridades

Felipe Resk

Publicado: 04/09/2025 às 18:11

Cayo Lucas Rodrigues dos Santos/Reprodução

Cayo Lucas Rodrigues dos Santos (Reprodução)

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) ofereceu denúncia, na terça-feira (2), contra Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 22 anos, pelos crimes de ameaça, associação criminosa e corrupção de menor. O acusado foi preso em Olinda, no Grande Recife, na semana passada.

O Diario de Pernambuco teve acesso à denúncia do MPSP. Nela, Cayo Lucas é acusado de fazer parte de uma organização criminosa digital, chamada Country, envolvida em casos de pedofilia, estupros virtuais e ameaças a autoridades. Em interrogatório, ele negou integrar o bando.

Para a promotoria, a Country está por trás dos ataques contra o youtuber Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca, e uma psicóloga que participou de um dos seus vídeos. Um adolescente de 17 anos, morador de Arapiraca, em Alagoas, também foi identificado como integrante do bando. Ele foi apreendido na semana passada.

“Ambos, assim, juntamente com outros indivíduos não identificados, atuam em comparsaria praticando reiteradamente graves crimes na internet”, afirma o promotor Matheus Jacob Fialdini, do MPSP. Segundo a investigação, Cayo Lucas usava os codinomes “Lucifage” ou “F4llen”. Já o adolescente se identificava como “Robert”.

“Foi neste contexto e, em represália à entrevista realizada pela vítima, psicóloga infantil, ao influenciador “FELCA” em um vídeo cujo objeto era a explanação sobre o fenômeno da adultização e exploração de crianças nas redes, com ampla repercussão nacional, que o denunciado e o menor passaram a proferir sérias ameaças escritas à ofendida.”

Investigação

A Country entrou na mira da Polícia Civil de São Paulo no segundo semestre de 2024, quando foi deflagrada a Operação Nix, contra crimes cibernéticos. De acordo com o inquérito, o grupo já teria feito cerca de 400 vítimas no país.

Em alguns casos, meninas extorquidas pelo bando eram obrigadas, em fotos ou chamadas de vídeo, a se expor sexualmente e praticar automutilação. Também há suspeita de que integrantes do grupo estejam envolvidos em casos de apologia ao nazismo, esquartejamento de animais e ataques a pessoas em situação de rua.

Em agosto, o grupo teria enviado e-mails e mensagens de WhatsApp com ameaças à psicóloga que colaborou com Felca. “Você mexeu em um ninho de abelhas, vamos matar você e a sua família se o Felipe Bressanim Pereira não apagar o vídeo”, diz um trecho de um dos textos.

Uma das mensagens era assinada por “Lucifage”, posteriormente identificado como Cayo Lucas. Já outra, escrita por “Robert da Country”, é atribuída ao adolescente na investigação.


Invasões

No inquérito, Cayo Lucas é apontado como especialista na “comercialização de logins governamentais”. Segundo a Polícia, ele conseguia invadir até login de juízes e chegou a disparar, no dia 13 de agosto, um mandado de prisão falso contra Felca.

Em interrogatório, o investigado confessou que invadia sistemas oficiais e afirmou já ter faturado mais de R$ 500 mil com a venda de documentos falsos. Por um alvará de soltura fraudado, por exemplo, ele cobrava R$ 15 mil.

Para lavar dinheiro, Cayo Lucas usava conta de laranjas e investimentos em criptomoeda. Após a prisão, a irmã dele chegou a ir à delegacia para entregar um celular e avisar à polícia que já emprestado contas bancárias a ele.

Segundo o inquérito, o acusado teria acesso ilegal aos sistemas do Judiciário, da Saúde e das polícias de ao menos três estados: Pernambuco (“Polícia Ágil”), Ceará (“Cerebrum”) e São Paulo (“Analítico”).
Também seria responsável por invadir bancos de dados e acessar dados sensíveis de possíveis vítimas do grupo, de acordo com a Polícia Civil. “Valendo-se desses recursos ilegais, o grupo COUNTRY exige de suas vítimas dinheiro ou materiais sensíveis”, diz o relatório.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Cayo Lucas. O espaço segue aberto para manifestação.

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