Alepe: 190 anos de história e protagonismo pernambucano
Com 190 anos de história, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) acompanhou momentos políticos e sociais da evolução da sociedade pernambucana com protagonismo e resistência
Publicado: 01/09/2025 às 06:00

Bela edificação da Assembleia Legislativa de Pernambuco (JAQUELINE MAIA/ARQUIVO DP)
Ao longo de 190 anos de história, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), é um grande símbolo para Pernambuco. A instituição acompanhou as transformações do Brasil Império à República, e também protagonizou momentos decisivos da política regional. Sobreviveu às turbulências do país – como ditaduras, guerras e reformas – e se reinventou ao longo da história.
Instalada em 1º de abril de 1835, no Forte do Matos, no Bairro do Recife, a instituição representava “uma nova época, formada pela segura garantia dos progressos, das luzes e do incremento da prosperidade pública”, segundo o então presidente da Província, Manuel de Carvalho Paes de Andrade. Quase 40 anos depois, o Palácio Joaquim Nabuco – primeira sede construída especialmente para abrigar uma casa legislativa no Brasil – se tornou a sde da Alepe, que lá permaneceu por outros 140 anos, sempre acompanhados pelo Diario.
Do dia 1° de março de 1875 até julho de 2017, o prédio foi palco de debates e decisões que moldaram o destino do Estado. Ao fim deste período, foi desativado como sede legislativa e transformado em museu, preservando a memória do parlamento estadual.
“O valoroso e histórico legado da Assembleia Legislativa para Pernambuco e o país começou a ser construído ainda no Império, no dia 1º de abril de 1835, quando a Assembleia foi oficialmente instalada, no Forte do Matos, no Bairro do Recife. Quer dizer, o Diario de Pernambuco viu o Legislativo estadual nascer e acompanhou e continua a acompanhar a história da Casa de Joaquim Nabuco”, destacou o presidente da Casa, Álvaro Porto.
“Ao longo do tempo, a Alepe saiu do Recife Antigo, instalou-se em 1887 na Rua da Aurora e recebeu o nome de ‘Casa de Joaquim Nabuco’. Desde então, promulgou constituições, foi espaço de resistência em governos antidemocráticos, fiscalizou gestões, elaborou leis, sendo sempre a ‘caixa de ressonância’ da sociedade”, disse Álvaro.
Hoje, a Alepe tem sua sede no Edifício Miguel Arraes de Alencar, situado na Rua da União, número 397, no bairro da Boa Vista, área central do Recife. O legislativo pernambucano é casa dos 49 deputados estaduais de Pernambuco, e segue sendo um espaço apresentação e representação popular visando a construção do futuro.
“Chegamos, pois, até aqui com pés e corações no presente, mirando o futuro, mas sem deixar de honrar e reconhecer o legado de quem passou pela Assembleia. Hoje vivemos uma Assembleia Legislativa dinâmica e independente. Uma Casa que solidificou sua autonomia e se mantém fortalecida por meio do empenho dos seus integrantes, que se dispuseram a dialogar e a buscar o entendimento. Tanto junto aos pares e aos servidores, quanto em relação aos Poderes Executivo e Judiciário”, aponta o presidente Álvaro.
Avanços sociais
Com a Proclamação da República, em 1889, Pernambuco adotou um modelo bicameral, com uma Câmara e um Senado estaduais. No entanto, a chamada “Revolução de 1930” derrubou a República das Oligarquias e desde então, a Alepe funciona como casa unicameral.
Nas mudanças políticas, foi instalada em Pernambuco uma Assembleia Constituinte para redigir a Carta Magna de 1935. Os debates entre os deputados constituintes foram marcantes, chegando mesmo a ocorrer luta corporal, fato retratado pelo Diario no dia 18 de junho daquele ano, em que a Casa comemorava seu primeiro século de existência.
“Neste percurso de 190 anos, a Alepe cruzou em quase dois séculos de história, protagonizando momentos históricos vividos por Pernambuco e pelo Brasil. Deixou para trás o Império, viu nascer a República, atravessou o Estado Novo e a Era Vargas. Também cruzou a primeira redemocratização, a ditadura militar e viveu a segunda redemocratização, com as Diretas Já”, afirmou Porto.
Nas últimas décadas, a Alepe deu passos importantes rumo à modernização. Digitalizou acervos históricos, implantou o Plenário Virtual – um dos primeiros do Brasil – e conquistou certificações de qualidade como a ISO 9001.
A instituição mantém, também, o compromisso social, investindo em ações de cidadania, como o projeto “Alepe Acolhe”, de capacitação e estágio para jovens em situação de acolhimento, com foco em inserção no mercado de trabalho, o “Alepe Cuida”, programa que oferece serviços gratuitos de saúde e cidadania para a população pernambucana em várias partes do Estado.
O legislativo pernambucano também se destacou pela criação da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, em 2005, e mais recentemente pela adoção de uma Política Antirracista, pioneira entre assembleias estaduais, implementada em 2024. Mais do que um espaço de debates e leis, a Alepe se consolidou como uma casa do povo pernambucano – agora equipada para os desafios do século XXI.
“Os valores construídos pelos parlamentares do passado permanecem guiando a atuação do Legislativo pernambucano. A Alepe se mantém como uma instituição que, além de legislar e fiscalizar, acolhe anseios, assegura direitos e, acima de tudo, garante conquistas à população pernambucana”, comentou o presidente.

