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CARROCEIROS

"As conversas não foram positivas", avalia representante dos carroceiros após protestos no Grande Recife

Segundo Eklesiartes da Silva, a Prefeitura do Recife não pretende revogar a lei que irá proibir os veículos de tração animal a partir do dia 31 de janeiro de 2026. Os carroceiros estão buscando vias legais para implementarem suas reivindicações. Novos protestos não estão descartados.

Bartô Leonel

Publicado: 19/08/2025 às 13:19

Eklesiartes da Silva é o representante dos carroceiros nas negociações com a PCR/RAFAEL VIEIRA/DP

Eklesiartes da Silva é o representante dos carroceiros nas negociações com a PCR (RAFAEL VIEIRA/DP)

Um dia após os protestos dos carroceiros que fechou ao menos sete vias no Grande Recife, na segunda (18), um dos representantes da categoria avaliou, nesta terça (19), que não houve progresso nas negociações da pauta de reivindicações apresentada.

Na segunda, os carroceiros foram até a Câmara dos Vereadores do Recife e conversaram com o presidente do Legislativo Municipal, Romerinho Jatobá (PSB).

Os condutores de carroças puxadas por cavalos exigem que a prefeitura revogue uma lei, aprovada em 2013, que proíbe a tração animal na cidade.

Em entrevista ao Diario, Eklesiartes da Silva afirmou que a Prefeitura do Recife não “pretende revogar a lei que está em vigor no município e a proibição total de veículos de tração animal deve acontecer a partir do dia 31 de janeiro de 2026”.

“Infelizmente, a gente não viu como positivas as conversas. Fica evidente que eles querem dar continuidade à retirada dos animais no Recife. Isso não existe. Eles estão pouco se importando com o estado de saúde dos animais. Eles só querem tirar os cavalos da capital”, avaliou.

Segundo Eklesiartes da Silva, a Prefeitura do Recife deveria ter mais empatia com os carroceiros, pois as questões de maus-tratos são casos isolados e que isso não pode justificar a penalização de todos.
Os manifestantes alegam que esses atos de covardias contra os animais não se limita à classe dos carroceiros.

Segundo a Prefeitura do Recife, o cadastramento de carroceiros que atuam na cidade será reaberto ainda neste semestre, a fim de identificar e apoiar os trabalhadores impactados.

O plano da gestão municipal prevê indenização aos proprietários de R$ 1.200 por cavalo e por carroça entregues, vagas em cursos profissionalizantes, incentivo ao empreendedorismo, oportunidades de emprego na limpeza urbana e oferta de veículos alternativos para os trabalhadores que optarem por permanecer na área.

Além disso, os animais serão microchipados e as carroças receberão adesivos de identificação, permitindo o controle sobre quem já aderiu ao programa.

Para os carroceiros, essas iniciativas são injustas e não trazem uma instabilidade e uma certeza de renda para os trabalhadores após a entrega das carroças e dos animais.

“O valor que eles estão oferecendo não corresponde ao valor real do animal. A prefeitura apenas instituiu um valor fixo para todos os animais, mas isso não é assim, pois como nós, carroceiros, dizemos: cavalo não tem tabela fipe (tabela que estabelece valores de carros”), iniciou Eklesiartes da Silva.

“A questão do trabalho que eles estão querendo oferecer não é algo certo, pois sabemos como funciona empresa terceirizada. Já sobre a questão dos veículos alternativos, eles deixaram bem claro que esses veículos serviram apenas para o deslocamento para o trabalho. Ou seja, nenhum carroceiro poderá utilizar como meio de transporte para outras coisas, finalizou a reclamação.

Ainda segundo Eklesiartes, os carroceiros estão buscando vias legais para conseguir emplacar suas reivindicações, sempre visando o diálogo. Apesar disso, novos protestos ao longo do ano não estão descartados.

Mobilidade urbana

De acordo com Eklesiartes da Silva, um dos principais pontos para a proibição de veículos de tração animal é para melhorar a mobilidade urbana do Recife.

“Eles estão pouco se lixando com a questão do bem-estar do animal. O que eles querem mesmo é tirar o animal de dentro do Recife. Eles falam da questão da mobilidade, só que esse problema não é culpa das carroças ou dos cavalos. O problema do trânsito do Recife é que a prefeitura não investe em obras estruturais. O que a gente vê é só a instalação de semáforo e mão inglesa”, ressaltou.

Ainda segundo os carroceiros, a retirada de circulação dos animais dentro do Recife não amenizará os maus-tratos, algo que irá acontecer, mas de forma velada.

“Proibir que os animais transitem ou sejam criados aqui no Recife não mudará em nada a questão dos maus-tratos. Somos totalmente contrários a esses atos de covardia, tanto que uma das nossas pautas visa identificar condutores que cometam maus-tratos. Porém, essa ideia de tirar de circulação não impedirá que os maus-tratos aconteçam. Esses atos passaram a acontecer às escondidas”, explicou Eklesiartes da Silva.

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