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SANEAMENTO

Comerciantes do Mercado de Afogados denunciam perda de clientes por conta de esgoto a céu aberto

Problema teria sido causado após obra no local. Acúmulo de água suja atrai roedores e insetos para perto do mercado

Adelmo Lucena

Publicado: 07/08/2025 às 20:20

àgua suja se espalha na lateral do Mercado de Afogados/Foto: Melissa Fernandes/DP Foto

àgua suja se espalha na lateral do Mercado de Afogados (Foto: Melissa Fernandes/DP Foto)

Moradores e comerciantes que vivem e trabalham no bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife, estão sofrendo prejuízos financeiros e de saúde causados por uma poça de água da rede de esgoto. Pessoas que passam diariamente entre o cruzamento entre as ruas do Acre e Nicolau Pereira, na esquina do Mercado de Afogados, denunciam que o trecho está quase intransitável.

A equipe do Diario de Pernambuco esteve no local nesta quinta-feira (7) e registrou imagens que mostram um esgoto a céu aberto que toma parte das vias, formando grandes poças de água suja. Veículos trafegam com dificuldade, contornando a área alagada e os buracos.

O mau cheiro causado pelo acúmulo de água da rede de esgoto tem afastado clientes que costumavam frequentar o Mercado de Afogados. Comerciantes precisam descarregar seus produtos e fazer as vendas driblando a água suja que está tomando conta das ruas. Solange de Barros, de 54 anos, mantém um boxe de refeições no espaço e precisou demitir duas funcionárias após perder clientes devido ao odor.

“Eu nunca vi um absurdo desses Não estamos vendendo porque ninguém não tem estacionamento. Quando chove, alaga e a água da chuva sobe junto com a do esgoto. É um absurdo e ninguém toma providência. A gente está assim, ao deus-dará. O movimento está fraco. Hoje eu vendi duas cervejas desde de manhã. Antes dessa obra o povo vinha, estacionava e bebia aqui no mercado. Eu tinha três funcionários e agora só estou com uma porque o movimento caiu”, relata a comerciante, que afirma ter sido infectada com o vírus da dengue por conta da quantidade de mosquitos que rondam a água parada.

Outro comerciante que também passou por problemas de saúde é Leonardo Alberto Alves, de 50 anos. Ele vende bebidas no mercado e recebeu alta após contrair uma doença que acredita ter vindo da água suja.

Tenho este comércio há mais de cinco anos e esse esgoto está assim há um ano. Trabalhar com esse cheiro é horrível e nojento. Eu saí do hospital ontem e já vi relatos de um homem que morreu de leptospirose. A gente paga tanto imposto, tem um condomínio que a gente paga do mercado e a gente passa por uma situação dessa. A gente corre atrás [dos responsáveis], mas não dá em nada”, conta.

O vendedor Rodrigo Azevedo, de 40 anos, também viu sua clientela ir embora à medida que o mau cheiro e os alagamentos pioraram. Ele comercializa frutos do mar e comenta que nenhum cliente quer ir comprar em um estabelecimento com a higiene comprometida.

“Pelo menos 50% dos clientes deixaram de comprar. Todos os dias sentimos esse mau cheiro, desde 5h até 17h, e os clientes também reclamam. Estava até difícil pagar os impostos porque não temos clientes. Essa água suja chega até o último degrau do mercado quando chove, mas até com a maré cheia fica ruim”, pontua.

A Compesa informou que "não opera rede coletora de esgoto na Rua do Acre, bairro de Afogados, e também não está implantando tubulações de esgoto nessa via".

Já a Emlurb informou que "a BRK/COMPESA executa, no momento, implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário. A empresa pediu prazo até dia 22 para finalizar os serviços. Pela Lei do Pavimento do Recife, a concessionária que causa interferência na via é responsável pela recomposição da via".

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