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Pernambuco conhece os seus novos Patrimônios Vivos

Anúncio do título de Patrimônio Vivo de Pernambuco foi feito nesta quarta-feira (6), após votação do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural

Diario de Pernambuco

Publicado: 07/08/2025 às 09:33

Fotógrafo Xirumba foi um dos mais votados como Patrimônio Vivo/REPRODUÇÃO/REDE SOCIAL

Fotógrafo Xirumba foi um dos mais votados como Patrimônio Vivo (REPRODUÇÃO/REDE SOCIAL)

A Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) anunciaram, nesta quarta-feira (6), os homenageados com o título de Patrimônio Vivo do estado, após votação do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC-PE).

“Com grande alegria nós acompanhamos a eleição dos mais novos Patrimônios Vivos de Pernambuco, estado pioneiro nessa política de preservação, chegando ao número de 115 titulações”, celebrou a presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Renata Borba.

“Além do reconhecimento, essas pessoas e grupos culturais assumem a responsabilidade de transmitir seus saberes e tradições às gerações do presente e futuro”, completou.

Confira os novos Patrimônios Vivos de Pernambuco:

1. Boi Tira Teima
Criado em 1922, o grupo de Bumba Meu Boi é símbolo da cultura popular caruaruense. Liderado por Mestre Gerson e, posteriormente, por sua esposa Dona Lindaura e o filho Mestre Roberto Gercino, mantém viva a tradição centenária com ações educativas e socioculturais. Atua em festivais e escolas, com destaque para seus projetos formativos e o recente reconhecimento como Ponto de Cultura.

2. Dona Dá
Nascida no Recife em 1938, tornou-se figura central do Carnaval olindense. Recebeu o título de Cidadã Olindense por sua contribuição à folia e à cultura local. É símbolo da ligação afetiva e cultural entre as cidades-irmãs Recife e Olinda.

3. Dona Maria Viúva
Mestra do Maracatu Estrela da Tarde, fundado em seu terreiro em 1977. Sua vida é dedicada à preservação do maracatu de baque solto e à transmissão de saberes tradicionais através da oralidade e da vivência coletiva. Liderança respeitada, é referência viva da cultura afro-indígena pernambucana.

4. Mestra Mariquinha
Guardião do Samba de Coco, dança desde a infância. Após a morte dos primeiros mestres, tornou-se a principal liderança da manifestação em Tupanatinga. Com memória afiada e vasto repertório oral, ensina e inspira novas gerações, mesmo com saúde fragilizada.

5. Maestro Edson Rodrigues
Instrumentista e regente, é autor do clássico frevo “Duas Épocas” (1965). Fundador da Banda Municipal do Recife, foi homenageado no documentário Sete Corações. Professor, arranjador e incentivador de novos músicos, é uma das maiores referências do frevo pernambucano.

6. Maracatu Nação Raízes de Pai Adão
Fundado em 1998 por descendentes de Pai Adão no Terreiro Obá Ogunté, representa a fusão entre o maracatu e a religiosidade afro-brasileira. Mantém viva a tradição Yorubana há nove gerações, com forte atuação comunitária e sociocultural.

7. Mestra Joana Cavalcante
Primeira mulher a liderar uma Nação de Maracatu (Encanto do Pina). Fundadora do movimento feminista Baque Mulher, promove cultura, empoderamento e resistência por meio da arte. Atua nacional e internacionalmente com oficinas, apresentações e projetos sociais voltados à juventude e às mulheres negras.

8. Mestre Lourenço
Artesão da fibra da Cana Brava, aprendeu sozinho a confeccionar cestos e utensílios. É referência no artesanato pernambucano e fundador de técnicas que sustentam sua família há décadas. É Mestre Artesão desde 2013 e símbolo de resistência e criatividade.

9. Terezinha do Acordeon
Pioneira entre mulheres sanfoneiras, começou a tocar ainda na infância. Gravou dez discos, participou de turnês internacionais e fundou o Bloco Sanfona do Povo. Liderança no forró, atua também em projetos beneficentes e é maestrina da Orquestra Sanfônica de Pernambuco.

10. Xirumba Amorim
Fotógrafo, cronista e artista plástico, documenta há mais de 50 anos o cotidiano e as lutas sociais do povo nordestino. Com exposições nacionais e internacionais, sua obra é uma crônica visual da realidade brasileira. Mesmo enfrentando problemas de saúde, segue ativo e comprometido com a arte e a memória coletiva.

História

Pernambuco foi o primeiro Estado a implantar efetivamente uma política de registro das tradições culturais populares e de valorização dos detentores desses conhecimentos tradicionais.

A Lei Estadual nº 12.196, de 2 de maio de 2002, instituiu a concessão do título de Patrimônio Vivo do Estado Pernambuco (RPV-PE), que prevê o pagamento de uma pensão vitalícia para os mestres e/ou grupos culturais, selecionados por meio de edital público, lançado anualmente.

Como contrapartida, constitui dever do Patrimônio Vivo participar de programas de ensino e de aprendizagem de seus conhecimentos e técnicas organizados pela Secretaria Estadual de Cultura.

Desta forma tem-se a garantia de que os saberes de um povo não se extingam, com a morte de um mestre ou grupo da arte de fazer, mas que se perpetue, com seus alunos e aprendizes.

Quando passou a vigorar ficou estabelecido que a cada ano deveriam ser registrados três novos nomes. Em 2016, em virtude do aumento significativo de inscrições para concorrer ao RPV-PE, houve a necessidade de ampliar o número de bolsas concedidas.

Assim a Lei nº 15.944, de dezembro de 2016, aumentou de três para seis o número de bolsas anuais outorgadas aos mestres, mestras e grupos da cultura popular pernambucana.

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