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Golpe do amor: falso coronel enganava mulheres pela internet para ficar com dinheiro

Quadrilha utilizava plataformas de relacionamento online para atrair mulheres com boa condição financeira. Líder da organização está foragido e longe do Brasil

Cadu Silva

Publicado: 01/08/2025 às 13:50

Delegados explicaram como era a atuação da quadrilha do

Delegados explicaram como era a atuação da quadrilha do "golpe do amor" (Polícia Civil)

A Polícia Civil detalhou, nesta sexta (1º), como atuava uma organização criminosa responsável pelo chamado “golpe do amor”.

Na quinta (31), a Operação Love Scam prendeu três pessoas suspeitas de usar a internet para enganar mulheres para extorquir dinheiro, prometendo “relacionamentos amorosos”.

Em entrevista concedida na sede da corporação, no Centro do Recife, a polícia informou que o líder da organização criminosa se passava por coronel do Exército.

Identificado como Carlos Augusto Serpa da Mota, de 46 anos, esse falso oficial segue foragido e está longe do Brasil.

Investigação

Os resultados da operação, iniciada em 2024, foram divulgados pela delegada Silvana Carla, titular da 13ª Circunscrição Policial da Mustardinha.

Segundo a delegada, o grupo atuava de forma estruturada e articulada, utilizando plataformas de relacionamento online para atrair vítimas do sexo feminino, preferencialmente com boa condição financeira.

O líder da quadrilha usava identidade falsa, exibia armamento e simulava um relacionamento com as vítimas.

De acordo com Silvana, o suspeito mantinha essa relação por meses, com encontros presenciais e conexões online.

 "Após conquistar a confiança das mulheres, ele alegava estar em missões militares, em locais remotos, e dizia enfrentar dificuldades com cartões bloqueados ou falta de acesso à internet.", destacou a delegada.

 Com esses pretextos, pedia transferências bancárias que eram direcionadas a contas de outros integrantes da quadrilha, com o objetivo de dificultar o rastreamento dos valores.

"Em alguns casos, após o golpe financeiro, o suspeito voltava a contatar as vítimas com ameaças de divulgação de imagens e vídeos íntimos, que ele teria gravado sem o consentimento da vítima, caracterizando extorsão.", completou Silvana.

Balanço

Até esta sexta, a polícia havia identificado dezenas de vítimas, algumas das quais relataram prejuízos de até R$ 500 mil.

Ainda segundo a delegada, há registros de casos em outros estados, como Tocantins, Paraíba e São Paulo, e a confirmação de que uma das vítimas tenha levado a empresa onde trabalhava à falência por causa do golpe.

A operação

Durante a 41ª Operação de Repressão Qualificada, foram cumpridos quatro mandados de prisão, um mandado de busca e apreensão domiciliar e ordens judiciais de bloqueio de ativos financeiros, nos municípios do Recife, São Lourenço da Mata e Jaboatão dos Guararapes.

Os crimes investigados incluem associação criminosa, lavagem de dinheiro, furto mediante fraude e extorsão, com penas que, somadas, podem ultrapassar 33 anos de reclusão para cada acusado.

Três homens foram presos, dois na capital pernambucana e um em São Lourenço da Mata, no local para onde as vítimas eram levadas para o suposto encontro. Com os envolvidos, a polícia teve acesso a celulares e chips utilizados pelo líder da quadrilha.

 Um quarto mandado de prisão, expedido contra o líder da organização, não foi cumprido. A Polícia Civil apurou que ele está fora do país e solicitou à 10ª Vara Criminal de Recife a inclusão de seu nome na lista de procurados da Interpol.

 O suspeito já possui antecedentes criminais, incluindo prisão por violência doméstica contra uma ex-companheira e por uso de falsa identidade.

 A delegada reforçou que outras pessoas podem estar envolvidas no esquema, inclusive presidiários que, segundo indícios, recebiam valores ou forneciam dados para o golpe. A Polícia Civil trabalha na identificação de novas vítimas e autores.

 

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