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Instituto Tavares Buril: Mais de um século garantindo a identidade dos pernambucanos

Em tragédias como as enchentes de 2022 e os acidentes aéreos da NoAr e do voo Air France 447, foi a perícia papiloscópica do IITB que garantiu a identificação rápida e precisa das vítimas

Larissa Aguiar

Publicado: 21/07/2025 às 06:31

Instituto Tavares Buril - ITB/Otávio de Souza/Arquivo DP

Instituto Tavares Buril - ITB (Otávio de Souza/Arquivo DP)

Criado em 1909, ainda com o nome de Gabinete de Identificação e Estatística Criminal de Pernambuco, o atual Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) não apenas acompanhou a história do Estado: ele a registrou em cada impressão digital, em cada retrato falado, em cada documento emitido. Em mais de um século de existência, tornou-se um dos pilares da segurança pública e da cidadania em Pernambuco, sendo responsável pela identificação civil e criminal de milhares de pessoas, da capital ao interior, das ruas ao cenário de tragédias nacionais.

No início do século XX, Pernambuco foi um dos primeiros estados brasileiros a adotar o sistema datiloscópico de identificação, desenvolvido pelo argentino Juan Vucetich. À época, tratava-se de uma verdadeira revolução: as impressões digitais substituíam os antigos métodos rudimentares de reconhecimento, abrindo caminho para uma abordagem científica e precisa da identificação humana. Nascia assim o embrião do que viria a ser o IITB — um centro de excelência na produção de provas de identidade, com aplicação em áreas civis e criminais.

O reconhecimento formal da importância do Instituto viria décadas depois, em 1947, com a promulgação do Ato 1649, que regulamentou suas funções. O documento consolidou a atuação do então Gabinete de Identificação como órgão essencial à Justiça, responsável pela identificação de indivíduos a pedido de autoridades policiais e judiciárias, pelo reconhecimento de cadáveres, emissão de certidões de antecedentes criminais e realização de perícias em locais de crime.

Em 1974, o Gabinete de Identificação ganhou novo nome: Instituto de Identificação de Pernambuco. Era uma tentativa de refletir a abrangência cada vez maior de suas funções e o fortalecimento da perícia papiloscópica. Pouco depois, começaria a gestão mais longa de sua história: João Tavares Pires Buril, que por 26 anos esteve à frente do Instituto, foi responsável por um profundo processo de estruturação e modernização da instituição.

Sob sua liderança, o Instituto ampliou sua capacidade técnica, investiu na formação de especialistas e valorizou o papel da ciência pericial dentro da segurança pública. Em 1998, como reconhecimento ao seu trabalho, o nome do órgão foi alterado para Instituto de Identificação Tavares Buril.

Evolução tecnológica

A virada para o século XXI marcou um novo capítulo na história do IITB. A digitalização dos acervos datiloscópicos e a adoção de sistemas informatizados, como o Sistema Automatizado de Identificação Biométrica (ABIS), transformaram profundamente a rotina do órgão. Hoje, o cruzamento de dados biométricos permite acelerar processos de investigação, identificar suspeitos com precisão e emitir documentos de forma mais segura.

Essas inovações foram colocadas à prova em situações extremas. Em tragédias como as enchentes de 2022 e os acidentes aéreos da NoAr e do voo Air France 447, foi a perícia papiloscópica do IITB que garantiu a identificação rápida e precisa das vítimas. Em casos criminais de repercussão, como o assassinato do médico Arthur Eugênio, a atuação dos peritos foi decisiva para o esclarecimento dos fatos.

Ao longo das décadas, o IITB acumulou iniciativas pioneiras que marcaram a história da segurança pública. Foi responsável pela criação do retrato falado de corpo inteiro, técnica valiosa para identificação de suspeitos. Também está à frente do projeto Reencontro, que atua na localização de pessoas desaparecidas.

Hoje, o IITB é um elo vital entre tecnologia, justiça e cidadania. Com sede no Recife e atuação em todo o território estadual, o órgão integra a Polícia Científica de Pernambuco e se mantém como referência em perícia papiloscópica, identificação humana e emissão documental.

Um olhar para o futuro

Entre os planos para os próximos anos estão a implantação gradual da nova Carteira de Identidade Nacional, a ampliação dos laboratórios forenses no interior do estado e o lançamento de projetos inovadores como o de identificação biométrica de recém-nascidos.

“Acreditamos que o futuro da identificação humana está na integração de tecnologias, no fortalecimento de parcerias e, sobretudo, no olhar sensível para a população”, afirma Ivoneide Constantino, perita papiloscopista e gerente do setor Criminal do IITB. Segundo ela, o Instituto tem se preparado para incorporar métodos como reconhecimento facial e leitura de íris, ao mesmo tempo, em que reforça a atuação em rede com bases de dados nacionais e interestaduais. “Queremos ser ainda mais ágeis, precisos e inclusivos. Nossa meta é garantir que todo cidadão pernambucano tenha seu direito à identidade assegurado.”

 

Instituto Tavares Buril - ITB
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