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Baleado após furar blitz, jovem recebe alta hospitalar, mas segue com sequelas

Lucas Ricardo da Silva, de 25 anos, estava internado desde o dia 11 de julho, após ser atingido por um tiro durante perseguição policial em Jaboatão dos Guararapes

Larissa Aguiar

Publicado: 18/07/2025 às 15:43

A alta hospitalar da menina, identificada como Daniele Vitória, aconteceu nesta segunda-feira (7), de acordo com informações do HR./Foto: Arquivo DP

A alta hospitalar da menina, identificada como Daniele Vitória, aconteceu nesta segunda-feira (7), de acordo com informações do HR. (Foto: Arquivo DP)

 Um dos jovens baleados após uma perseguição policial no município de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, recebeu alta do Hospital da Restauração na última quinta-feira (17). Lucas Ricardo da Silva, de 25 anos, ficou internado por seis dias depois de ser atingido por um disparo na região do quadril durante uma ação do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) da Polícia Militar. O caso aconteceu após o carro em que ele estava furar uma blitz. Outro ocupante do veículo, Lucas Brendo da Silva, de 29 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu após ser atingido no pescoço.

O incidente ocorreu na noite de sexta-feira (11), por volta das 22h30, quando os jovens retornavam de uma pelada em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Segundo Lucas Ricardo, o motorista do carro — que preferiu não se identificar — teria ficado com medo de parar na blitz por estar com o IPVA do veículo atrasado e decidiu fugir da abordagem.

“Eu pensei que era brincadeira, mas quando vi a sirene, um barulho ensurdecedor, percebi que era sério. Pedi para parar o carro, que ainda dava tempo de conversar, mas ele estava com muito medo e não quis parar. Os policiais começaram a atirar muito”, contou Lucas, em entrevista à TV Globo. O veículo acabou subindo na calçada e foi cercado pelos policiais do BPTran.

O jovem relatou que, mesmo ferido, pediu socorro aos agentes. “Escutei mais disparos e pedi ajuda. Eles vieram dizendo: ‘Cadê a arma?’. Respondi que não sabia de arma nenhuma, que a gente vinha de um jogo, tinha bola e garrafão no carro. Eu nunca encostei numa arma, nunca fiz isso na vida”, afirmou, visivelmente abalado. Durante a entrevista, ele optou por não mostrar o rosto e disse que não quer aparecer em redes sociais nem absorver mais traumas.

Lucas passou por uma cirurgia no abdômen e atualmente depende de uma cadeira de rodas. Os médicos optaram por evitar um segundo procedimento imediato para preservar a possibilidade de recuperação motora. “O risco era maior se eu fizesse uma nova cirurgia naquele momento, porque já tinha passado por uma na barriga. Então, eles optaram por 20 sessões de fisioterapia. Caso eu não volte a andar, talvez precise de uma cirurgia mais invasiva”, explicou.

O tiro atingiu a região lombar e chegou a encostar na coluna vertebral, mas a bala ficou alojada na gordura do fígado, o que, segundo os médicos, evitou sequelas mais graves. Ainda assim, o prognóstico é incerto, e Lucas seguirá em tratamento para tentar recuperar os movimentos das pernas.

O pai do jovem, Marivaldo Severino Ricardo, lamentou o episódio e cobrou responsabilização. “Era um menino cheio de saúde, cheio de vida, com projetos pela frente, e hoje se encontra numa situação dessa. Espero que seja feita a justiça”, declarou.

 

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