Corregedoria Geral da SDS vai investigar morte de jovem baleado em blitz no Recife
Lucas Brendo, de 29 anos, morreu ao ser baleado por policiais militares após furar uma blitz na Zona Sul do Recife
Publicado: 14/07/2025 às 18:28

Lucas era um dos passageiros do carro e foi atingido por disparos de policiais (Foto: Arquivo pessoal)
A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) vai investigar o caso do jovem que morreu após ser baleado durante uma blitz do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) da Polícia Militar, no Recife, na última sexta-feira (11).
Lucas Brendo, de 29 anos, foi baleado quando furou uma blitz do 1º Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), em Boa Viagem, na Zona Sul da capital. De acordo com a SDS-PE, a Investigação Preliminar (IP) foi instaurada para “acompanhar o inquérito e verificar a repercussão administrativa dos fatos”.
“Esse procedimento segue o protocolo estabelecido e atende à recomendação do Ministério Público, segundo a qual todos os casos de intervenção policial geram a abertura de inquérito policial e investigação preliminar no órgão correicional”, diz a nota da pasta.
No dia em que foi baleado, Lucas foi levado para uma unidade de saúde, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com a Polícia Militar, os ocupantes do veículo teriam atirado contra os policiais, que revidaram. Parentes e amigos contestaram essa versão nas redes sociais e afirmaram que ele foi vítima de violência policial.
O caso é investigado pela Polícia Civil como “morte decorrente de intervenção de agente do Estado”.
Lucas estava no carro com outros três homens. Um deles também ficou ferido e está sob custódia no Hospital da Restauração. Os outros dois receberam atendimento médico e foram presos.
Entenda o caso
De acordo com o boletim de ocorrência, o motorista desobedeceu a ordem de parada, tentou fugir em alta velocidade e quase atingiu policiais que estavam em motocicletas. Ainda conforme o registro, os ocupantes teriam disparado contra os agentes, que reagiram. Durante a troca de tiros, o motorista perdeu o controle da direção e colidiu com um veículo estacionado.
Segundo o relato policial, após o impacto, o motorista e o passageiro do banco da frente tentaram fugir a pé, mas foram capturados. O motorista teria resistido à prisão e entrado em luta corporal com os policiais antes de ser contido.
O documento também aponta que, ao verificar o banco traseiro, os policiais encontraram dois passageiros feridos, entre eles Lucas. No carro, teriam sido localizados dois revólveres, um sob o banco dianteiro e outro no tapete próximo a um dos feridos, além de uma arma de gel e oito munições.
Os quatro homens foram levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife. Lucas morreu na unidade, enquanto o outro ferido foi transferido para o Hospital da Restauração.
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, a noiva de Lucas, Ingridy Grigorio, de 29 anos, defende que não houve troca de tiros entre os ocupantes do carro e os policiais. “Após o ocorrido todos foram levados para a delegacia e foram ouvidos. O irmão de Lucas estava lá acompanhando tudo, eu estava em casa e ele me ligou contando do ocorrido. Após algumas horas, todos foram liberados, fez teste de pólvora, que deu negativo, ou seja, se tivessem com armas, teriam sido presos e estariam até agora”, conta.
Ela ainda disse que Lucas estava com amigos do trabalho no momento em que foi baleado e que a família já contratou advogados. Lucas era um rapaz muito trabalhador, muito esforçado, tinha vários trabalhos ao mesmo tempo e estudava muito, era muito inteligente. E eu não to falando isso porque ele morreu, é porque ele era mesmo tudo isso. Ele não tava dirigindo, só pegou uma carona e acabou falecendo”, relata.

