Colégio Israelita Moyses Chvarts: mais de um século formando gerações no coração do Recife
Publicado: 14/07/2025 às 06:14
Fundado em 1918 por imigrantes judeus vindos do leste europeu, o Colégio Israelita Moyses Chvarts é mais do que uma instituição de ensino. Localizado no Recife, é um elo vivo entre tradição e modernidade, guardando a memória de um povo e, ao mesmo tempo, projetando o futuro de centenas de crianças e adolescentes. Com 107 anos de funcionamento ininterrupto, é a escola judaica formal mais antiga em atividade contínua no Brasil e a única fora das regiões Sul e Sudeste, tendo se tornado um patrimônio histórico e afetivo da comunidade judaica pernambucana.
A criação do colégio foi, desde o início, uma resposta às necessidades de uma comunidade que chegava a uma terra nova, com clima, idioma e cultura distintos. “Para aqueles imigrantes, a educação era uma prioridade. Não apenas como um meio, mas como um fim em si mesma”, relembra Jair Jaroslavsky, diretor presidente da instituição. “O Colégio Israelita nasce desse desejo de preservar valores e transmitir saberes às novas gerações.”
A escola, que leva o nome de Moyses Chvarts, é hoje referência por sua proposta pedagógica que alia tradição e inovação. Seguindo uma linha construtivista com enfoque humanista e ético, o colégio acredita que o papel da educação vai além do conteúdo curricular. “Compreendemos que a formação acadêmica é importante, mas acreditamos sobretudo na formação cidadã do aluno”, explica Jair.
Além das disciplinas regulares, o Israelita se destaca por incluir o ensino do hebraico e de história e cultura judaicas. As festividades religiosas são celebradas no calendário escolar, e os valores judaicos são compartilhados em cada atividade. No entanto, a instituição não se limita à comunidade judaica. “A escola é aberta a toda a sociedade”, afirma o diretor. “Percebemos o quanto os alunos não judeus têm a oportunidade de conhecer e vivenciar a milenar cultura judaica, particularmente absorvendo seus valores universais. Ao mesmo tempo, ao trazerem suas vivências, enriquecem a nossa proposta pedagógica.”
Essa abertura se reflete também no corpo docente e nos demais colaboradores. A maioria dos profissionais que atuam no colégio não tem origem judaica, mas estão plenamente integrados à cultura organizacional da instituição. Esse intercâmbio de vivências e saberes é parte essencial do que torna o ambiente escolar tão rico e acolhedor.
Ao longo de mais de um século, o Colégio Israelita formou gerações de estudantes que marcaram a história de Pernambuco e do Brasil. Entre os nomes que passaram por suas salas de aula, destacam-se a escritora Clarice Lispector, cuja família era originária da Ucrânia e viveu parte da infância e adolescência no Recife; o médico e empresário Boris Berenstein; o designer de joias premiado internacionalmente Andree Guittcis e o engenheiro e economista Jacques Ribemboim, atual membro da Academia Pernambucana de Letras. Mas o reconhecimento vai além dos nomes de destaque. “Para nós, cada aluno é especial e único”, reforça Jair. “Uma das características da escola é a atenção individualizada, onde o estudante é protagonista no seu processo de aprendizagem.”
Mais do que uma escola, o Colégio Israelita Moyses Chvarts é um símbolo de resistência cultural, de memória e de educação. Um espaço que preserva raízes sem deixar de dialogar com o presente. Pertencente à comunidade judaica de Pernambuco desde a sua fundação, continua sendo um pilar da identidade cultural e educacional do Estado.
Para o futuro, o compromisso permanece inabalável: “Nosso objetivo é continuar contribuindo com a formação educacional da comunidade pernambucana com qualidade, excelência e competência, sempre guiados pelos valores que inspiraram nossa existência”, conclui o diretor.
Entre passado e presente, tradição e inovação, o Colégio Israelita segue sua trajetória formando não apenas alunos, mas cidadãos conscientes de seu papel no mundo.

