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Inclusão e dignidade nas mãos do Anjo da Guarda

Fundado em 1999, no município de Paulista, o instituto atende pessoas com deficiência e seus familiares por meio de diversos projetos e terapias clínicas

Larissa Aguiar

Publicado: 02/07/2025 às 16:00

ONG Anjo da Guarda/Reprodução/Redes Socais

ONG Anjo da Guarda (Reprodução/Redes Socais)

Fundado em 1999, em Paulista, no Grande Recife, o Instituto Anjo da Guarda nasceu do olhar sensível de padres e freiras que, ao cuidar de 50 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, perceberam que apenas 12 delas (todas com deficiência) ficavam de fora da escola. A exclusão foi o estopim para a criação de uma instituição dedicada exclusivamente à inclusão e ao cuidado dessas crianças, que ao longo dos anos se transformou em referência no atendimento gratuito a pessoas com deficiência e suas famílias, em Pernambuco.

Passadas mais de duas décadas, o Anjo da Guarda permanece com o mesmo propósito que o originou: garantir dignidade, acolhimento e autonomia. Hoje, são atendidas pessoas com deficiência e seus familiares por meio de projetos e programas socioassistenciais que vão além do básico. Oficinas de arteterapia, iniciação musical, atividades de vida diária, psicomotricidade, e cidadania fazem parte da rotina da instituição, com atividades em grupo que promovem não só o desenvolvimento individual, mas o fortalecimento dos laços comunitários e familiares.

Na área clínica, o Instituto oferece atendimentos a mais de 200 pessoas com deficiência, com uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicopedagogos, musicoterapeutas e profissionais de psicomotricidade.

A presidente da instituição, Glória Pimentel, carrega a história do Anjo da Guarda na própria vida. Adotada ainda criança pelos mesmos religiosos que fundaram a entidade, Glória cresceu entre os corredores da instituição que hoje dirige. Assistente social e especialista em Direitos Humanos, ela é o elo vivo entre o passado de solidariedade e o futuro que se constrói diariamente com esperança.

“Nosso sonho é ir além dos muros da clínica”, afirma Glória. “Queremos migrar para uma proposta mais inclusiva e sustentável, que não se limite ao tratamento, mas promova autonomia, integração e cidadania”. A proposta é criar uma equipe volante que vá até as comunidades, promovendo ações educativas, orientações e treinamentos parentais para que o cuidado envolva de forma ativa as famílias.

A mudança no modelo de atuação tem respaldo na Organização Mundial da Saúde (OMS), que já não recomenda o modelo exclusivamente clínico por considerá-lo insuficiente. O modelo social entende a deficiência a partir das barreiras impostas pela sociedade e propõe intervenções que promovam o desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo.

Para tornar esse projeto viável, o Anjo da Guarda conta com a solidariedade de pessoas que queiram abraçar essa causa. “Cada apoio recebido é uma chance de garantir que mais pessoas tenham acesso ao que é um direito: a inclusão. E mais do que isso, é um gesto de compromisso com uma sociedade verdadeiramente justa”, reforça Glória.

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