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LUTO

Morre Elyanna Caldas, ícone da música e da literatura, aos 88 anos

Elyanna Caldas integrava a Academia Pernambucana de Letras

Adelmo Lucena

Publicado: 12/06/2025 às 19:57

Natural do Recife, Elyanna Caldas iniciou sua jornada musical aos cinco anos/Foto: Academia Pernambucana de Letras/Divulgação

Natural do Recife, Elyanna Caldas iniciou sua jornada musical aos cinco anos (Foto: Academia Pernambucana de Letras/Divulgação)

Morreu, nesta quinta-feira (12), aos 88 anos, a escritora e pianista Elyanna Caldas. A artista estava internada no Hospital Memorial São José, no Recife. Reconhecida por sua genialidade e dedicação à arte, Elyanna havia acabado de assumir a cadeira de número 14 da Academia Pernambucana de Letras (APL).

Elyanna Caldas foi eleita para a vaga deixada por Rostand Carneiro Leão Paraíso. Em uma votação expressiva, dos 30 acadêmicos presentes na sede da instituição, 29 votaram a favor da pianista.

Uma vida dedicada à música e ao ensino

Natural do Recife, Elyanna Caldas iniciou sua jornada musical aos cinco anos, realizando seu primeiro recital de piano aos dez. Aos 17, representou o Brasil no V Concurso Internacional Frederico Chopin, em Varsóvia, Polônia. Sua brilhante carreira internacional de concertista a levou a se apresentar em diversos países.

Dentre suas inúmeras conquistas, destacam-se o 1º prêmio no Concurso Magda Tagliaferro (Rio de Janeiro/1957) e a licenciatura em Música pela École Normale de Musique de Paris. Além de sua carreira de concertista, Elyanna Caldas dedicou-se incansavelmente ao ensino. Foi professora fundadora do Curso de Música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde lecionou piano entre 1960 e 1986.

Também presidiu o Conservatório Pernambucano de Música em dois períodos: de 1987 a 1991 e de 1995 a 1999. Sua contribuição para a formação musical em Pernambuco é inestimável, moldando gerações de talentos.

Autora do livro "Caminhos de uma Pianista", onde narra sua trajetória musical, Elyanna Caldas foi além do piano e do ensino. Em 1983, fundou o Movimento Arte e Cultura do Nordeste, buscando integrar diversas áreas artísticas e incentivar novos talentos. A iniciativa resultou em temporadas de sucesso entre 1983 e 1986, reunindo artistas de diferentes campos.

No Recife, idealizou e coordenou festivais de grande relevância, como os Festivais Schumann/Chopin (2010), Liszt/Mendelsohn (2011) e Debussy/Albeniz (2012), sempre com o apoio do Governo do Estado. Sua discografia inclui cinco CDs, com destaque para "Simplesmente Capiba", "Capiba, Valsas Choros", "O Charme da Valsa e do Maxixe", "Tritonis" e "O Piano em Pernambuco", este último dedicado a compositores pernambucanos do final do século XIX e início do XX.

Academia Pernambucana de Letras

A Academia Pernambucana de Letras lamentou perda de Elyanna Caldas. "É com profundo pesar que a Academia Pernambucana de Letras comunica o falecimento da ilustre acadêmica, mestra e artista Elyanna Caldas, ocorrido nesta quinta-feira", diz o comunicado.

A APL ressaltou o talento, a erudição e a dedicação incansável da pianista à música.

"Pernambuco, que tantas vezes foi o palco privilegiado de suas apresentações, orgulha-se de tê-la como filha e embaixadora da cultura", finaliza a nota, expressando solidariedade a familiares, amigos, alunos e admiradores da imortal Elyanna Caldas, cuja arte permanecerá viva na memória e na história cultural do estado.

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