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SEGURANÇA

Cyberbullying: como reconhecer os sinais e garantir uso saudável da internet

Cuidados com crianças expostas à internet desde cedo deve ser redobrado, uma vez que criminosos utilizam ferramentas e metodologias para atrair e prejudicar vítimas

Adelmo Lucena

Publicado: 04/06/2025 às 20:44

crianças estão cada vez mais expostas às redes sociais/Foto: Isac Nobrega/PR

crianças estão cada vez mais expostas às redes sociais (Foto: Isac Nobrega/PR)

Pelo menos 200 crianças e adolescentes foram vítimas de um jovem de Camaragibe, preso nesta quarta-feira (4), que liderava um grupo de cyberbullying e promovia discursos de ódio. Diante de casos como este, a Polícia Federal recomenda que pais e responsáveis redobrem a atenção e saibam quais atividades os filhos fazem quando estão on-line e com quem conversam.

As crianças devem ser orientadas desde cedo sobre o uso adequado da internet e sites que sejam confiáveis. Segundo a psicóloga Brunna Lima, “crianças de até 5 anos estão em uma fase de desenvolvimento cognitivo sensório-motor e pré-operacional (Piaget). Nessa fase, elas ainda não têm habilidades para compreender riscos abstratos, interpretar intenções ou distinguir realidade de fantasia. Assim, o uso da internet deve ser altamente supervisionado e extremamente limitado”.

A Sociedade Americana de Pediatria orienta que crianças menores de dois anos devem evitar o uso de eletrônicos. Além disso, redes sociais como facebook, Instagram e YouTube exigem a idade mínima de 13 anos para acessar os serviços. Já o WhatsApp impõe uma idade mínima 16 anos.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam que os pais estabeleçam o período em que os filhos ficarão expostos às telas e à internet. Crianças de até dois anos não devem ter contato com celulares e computadores, enquanto crianças de 2 a 5 anos podem ter acesso à internet por até 1 hora. Crianças com faixa etária de 6 a 10 anos devem ficar limitadas a 2 horas e adolescentes a 3 horas.

A rotina agitada de trabalho dos pais e responsáveis podem distanciar o diálogo com os filhos, permitindo que eles procurem amigos virtuais para conversar sobre assuntos do cotidiano. Em fóruns de conversa na Internet, muitos criminosos se aproveitam da vulnerabilidade de menores de idade para cometer crimes.

Dentre as estratégias utilizadas por abusadores e pedófilos estão a utilização de computadores em lan houses para dificultar a sua identificação. Eles usam perfis falsos, negam a idade, nome e endereço e se fazem passar por crianças e adolescentes para conseguir informações das vítimas.

No caso do adolescente de Camaragibe que foi apreendido nesta qurta-feira, o grupo liderado por ele cometia crimes como pornografia infantil, injúria, homofobia e terrorismo.

Quando uma criança é vítima de abusos virtuais, ela tende a ficar mais retraída e isolada. Os choros são mais frequentes e ela pode sofrer com queda no rendimento escolar e dificuldade na aprendizagem. Quando o agressor está na escola, a vítima pode evitar frequentar as aulas.

“O abuso virtual ativa os mesmos sistemas cerebrais e emocionais que traumas físicos ou emocionais presenciais. A vítima pode experimentar: vergonha (por sentir que “permitiu” o abuso); culpa (por medo de prejudicar a família ao contar); medo (de retaliação, de exposição ou de não ser acreditada)”, explica Brunna Lima.

De acordo com a profissional, “essas emoções desencadeiam respostas de retraimento e evitação — mecanismos típicos de defesa diante do trauma. A criança ou adolescente pode se isolar para tentar lidar com o sofrimento ou evitar mais dor. Em muitos casos, o retraimento é uma tentativa de se proteger.

Outras orientações que os pais podem seguir para evitar que as crianças e jovens fiquem expostos à criminosos é evitar são:

  • Não colocar informações pessoais expostas na Internet (número de telefone, endereço, documentos, local onde estuda ou mora);
  • Não Publicar postagens que indiquem o local onde a criança está em tempo real
  • Estabelecer limites claros de tempo e conteúdo (recomenda-se no máximo 1 hora de tela por dia para crianças de 2 a 5 anos,
  • com conteúdo educativo e supervisionado);
  • Utilizar ambientes fechados, como apps educativos com controle parental, e evitar navegação livre;
  • Ensinar desde cedo que “nem todo mundo na internet é confiável” com linguagem adequada à idade;
  • Estimular o uso ativo da tecnologia, onde a criança interage com um adulto, em vez de uso passivo (como assistir vídeos sozinha por horas).

 

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