Fiocruz de PE registra patente de composto antiviral contra chikungunya
Atualmente, não há medicamentos aprovados especificamente para o tratamento da febre chikungunya, uma doença que afeta milhares de pessoas em regiões tropicais, como o Brasil
Publicado: 03/06/2025 às 16:29

Mosquito Aedes aegypti, causador da dengue (Foto: Fotos Públicas)
Uma nova patente registrada pela Fiocruz Pernambuco marca um avanço na busca por tratamentos contra a febre chikungunya. A descoberta de substâncias capazes de inibir a replicação do vírus em testes laboratoriais pode representar um passo importante rumo ao desenvolvimento de um antiviral eficaz, um recurso ainda inexistente no combate à doença. Elas são chamas de compostos triazólicos conjugados com bases pirimídicas.
A pesquisa, que se destacou por apresentar baixa toxicidade celular e alta viabilidade, nasceu de um projeto de iniciação científica da estudante Melyssa Gabriely Silva, sob orientação do pesquisador Lindomar Pena, do Departamento de Virologia da Fiocruz.
A síntese dos compostos foi realizada por um grupo da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), liderado pelo professor Ronaldo Oliveira, parceiro de longa data da Fiocruz em investigações sobre antivirais. Os testes in vitro mostraram que as moléculas atuam diretamente na fase de replicação do vírus chikungunya, impedindo sua multiplicação nas células infectadas, um resultado considerado altamente promissor pelos pesquisadores envolvidos.
“Esses compostos foram pouco tóxicos para as células e muito eficazes contra o vírus chikungunya. A patente garante a proteção da propriedade intelectual dessa descoberta”, destacou Lindomar Pena. A equipe também realizou análises computacionais que indicam a inibição da polimerase viral, enzima responsável pela reprodução do genoma do vírus.
Atualmente, não há medicamentos aprovados especificamente para o tratamento da febre chikungunya, uma doença que afeta milhares de pessoas em regiões tropicais, como o Brasil, e representa um desafio recorrente para a saúde pública. Por isso, a patente registrada em parceria com a UFRPE é considerada um avanço significativo na pesquisa científica nacional.
A próxima etapa da pesquisa prevê o início dos estudos pré-clínicos em modelos animais, programado para 2026. Já os testes clínicos em humanos, essenciais para o desenvolvimento de um novo medicamento, ainda não têm data definida.
“É uma colaboração de muitos anos com o professor Ronaldo. Ele sintetiza os compostos e nós realizamos os testes contra diferentes vírus. Esse trabalho faz parte da primeira etapa no desenvolvimento de um antiviral, que inclui avaliação de segurança e eficácia em células”, explicou Pena.

