Raio-x das torcidas organizadas: quem são os 47 denunciados por barbárie antes de Clássico das Multidões
Cenas de violência extrema, protagonizadas por torcidas organizadas de Sport e Santa Cruz, em fevereiro, ganharam repercussão internacional
Publicado: 31/05/2025 às 16:29

Foram denunciados ao menos 21 membros da Inferno e 26 da Jovem (Reprodução de vídeo)
As cenas de selvageria que espalharam pânico pelas ruas do Recife, horas antes do clássico entre Santa Cruz e Sport, no dia 1º de fevereiro, já resultaram em denúncias do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) contra ao menos 47 integrantes de torcidas organizadas.
Só na mais recente, oferecida neste mês, o MPPE acusa 41 membros da Explosão Inferno Coral, do Santa Cruz, e da Jovem do Leão, do Sport, pelos crimes de associação criminosa e participação em briga de torcidas. Também houve cinco tentativas de homicídio atribuídas a parte dos acusados.
A denúncia foi revelada pelo Diario de Pernambuco neste sábado (31). Entre os acusados (veja abaixo), estão seis integrantes da Inferno que teriam envolvimento direto no ataque contra o presidente da Jovem, João Victor da Silva, de 28 anos, o mais emblemático da barbárie.
Em meio ao tumulto, o presidente da Jovem, que foi perseguido e dominado pelos rivais, acabou violentado e espancado a socos, chutes e pauladas. Os vídeos do episódio, marcados por violência extrema, ganharam repercussão internacional.
Anteriormente, em fevereiro, o próprio João Victor e outros cinco integrantes da Jovem já haviam sido denunciados pela promotoria por participação nos conflitos antes do Clássico das Multidões.
Na investigação, a Polícia Civil também concluiu que os conflitos contam com gangues que representam cada organizada em diferentes cidades e bairros da capital.
Entre elas, estão a “Bate Cheira”, “Bonde dos Brabos” e “12º Comando da TJL”. Já a Inferno é apoiada por subgrupos como “Brota Brota”, “Mano a Mano”, “Bonde do Orochi”, “Estrala” e “Os Capetas”.
Quem são os denunciados por guerra de torcida
Explosão Inferno Coral
01) Israel Henrique de Souza e Silva, 24 anos
É conhecido como “Rael da Sul”. Integrante do subgrupo “Brota Brota”, ligado à Explosão Inferno Coral, é descrito como “pessoa extremamente violenta” pelo MPPE. Responde por perseguir, alcançar e espancar o presidente da Jovem com um barrote. Em interrogatório, ficou em silêncio. Ele já tinha histórico de outros confrontos.
02) André Ricardo de Almeida e Silva, 27 anos
É conhecido como “Andrezinho”. Monitor de bairro da gangue “Mano a Mano”, ligada à Inferno, é descrito como “pessoa extremamente agressiva” pelo MPPE. Responde pela tentativa de homicídio do presidente da Jovem. Em interrogatório, ficou em silêncio.
03) Lucas Pereira Nunes, 24 anos
É conhecido como “Lucas 232”. Liderança do “Bonde do Orochi”, ligado à Inferno, é acusado de despir e participar do grupo que violentou o presidente da organizada rival. Não foi localizado pela polícia para prestar depoimento. Já tinha histórico de intolerância esportiva.
04) Douglas Pereira da Silva, 30 anos
É conhecido como “Doguinha”. É acusado de integrar a gangue “Brota Brota”, ligada à Inferno, e de entregar artefatos explosivos a outros envolvidos. Em interrogatório, ficou em silêncio. Ele já tinha histórico de outros confrontos.
05) John Laelson da Silva, 28 anos
É conhecido como “Astro”. Diretor da Inferno, é acusado pelo MPPE de estar “no comando da violência praticada pelos membros da referida torcida”. Em interrogatório, confirmou que estava presente no momento dos confrontos. Também é investigado pelo incêndio ao ônibus da torcida do Cruzeiro, no Bogi, em 2023.
06) Pedro Henrique de Santana, 26 anos
Integrante da Inferno, é apontado como um dos responsáveis por transportar, de motocicleta, outros integrantes da organizada até o local onde as vítimas estavam sendo agredidas. Não foi localizado pela polícia para prestar depoimento. Ele não tem antecedentes.
07) Geovane Ferreira Lins, 23 anos
É conhecido como “Menor”. Um dos líderes da Inferno, foi flagrado com um barrote “se dirigindo em direção à torcida adversária para o seu enfrentamento”. Em interrogatório, admitiu presença nos confrontos, mas negou agressões. Ele já tinha histórico de intolerância esportiva.
08) Leonardo Dehon Queiroz de Souza, 31 anos
É conhecido como “Leo Doido”. Integrante da Inferno, não chegou a ser filmado agredindo rivais, mas é acusado de estar “em meio aos demais integrantes do seu grupo no momento em que as violências eram consumadas”. Não foi localizado pela polícia para prestar depoimento.
09) Kellvin José Santos Souza, 30 anos
Integrante do subgrupo “Bonde do Orochi”, ligado à Inferno, é acusado de agredir um rival com um soco. “Trata-se de pessoa conhecida pela DPRIE como um torcedor agressivo, mas sempre que ouvido alega ter ‘problemas psiquiátricos’”, diz o MPPE. Em interrogatório, ficou em silêncio.
10) Diogo Felipe Galvão Nunes, 29 anos
Integrante da “Máfia Vermelha”, organizada do América-RN, que é aliada da Inferno. É acusado de agredir um rival com chutes e de arremessar um objeto contundente contra outro. No dia do confronto, estava sob monitoramento eletrônico. Em interrogatório, admitiu ter atirado o objeto “no calor da emoção”.
11) Ronaldo Pereira dos Santos, 37 anos
É conhecido como “Smok”. Integrante da Inferno, não chegou a ser filmado agredindo rivais, mas é acusado de estar “em meio aos demais integrantes do seu grupo no momento em que as violências eram consumadas”. Não foi localizado pela polícia para prestar depoimento.
12) Kleytonny Oliveira Lins, 24 anos
É conhecido como “Kleytinho”. Liderança da gangue “Mano a Mano”, ligada à Inferno, é acusado de arremessar duas pedras de cerâmica contra um rival que já estava caído. Em interrogatório, ficou em silêncio. Não tinha antecedentes.
13) Adriano Miguel do Nascimento, 25 anos
É conhecido como “Pinguim”. Liderança da Inferno, responde por agredir um rival e pela tentativa de homicídio contra o presidente da Jovem. Em interrogatório, ficou em silêncio. Não tinha antecedentes.
14) Luiz Henrique Mesquita da Silva, 21 anos
Filho de uma antiga liderança da Inferno, é acusado de participar do espancamento de dois rivais. Em interrogatório, ficou em silêncio. Não tinha antecedentes.
15) Alexandre Rodrigues da Luz Filho, 24 anos
É conhecido como “Xandinho”. Integrante do “Brota Brota”, gangue ligada à Inferno, teria sido responsável por perseguir e alcançar um rival que foi espancado. Em interrogatório, ficou em silêncio. Tem passagem por roubo.
16) Túlio Melo Ladislau, 27 anos
Diretor da Inferno, é acusado de usar um barrote para agredir um rival. Em interrogatório, ficou em silêncio. Tem passagens por furto, ameaça e tráfico de drogas.
17) Joab José de Freitas Pimentel, 29 anos
Um dos líderes do “Brota Brota”, ligada à Inferno, é acusado de pisar diversas vezes na cabeça de um rival que já estava caído. Em interrogatório, ficou em silêncio. Tem passagem por tráfico.
18) Marcelo Ferreira Pinto, 32 anos
Integrante do “Brota Brota”, ligada à Inferno, é acusado de usar uma moto para passar por cima de um rival que já estava desfalecido. Na sequência, também teria participado da tentativa de homicídio do presidente da Jovem. Em interrogatório, ficou em silêncio. Não tinha antecedentes.
19) Chrystyann Renald Silva Mendonça, 29 anos
Integrante do “Brota Brota”, ligada à Inferno, é acusado de pisar diversas vezes em um rival já caído. Também teria feito uma live, pelo Instagram, para transmitir as cenas de violência em tempo real. Em interrogatório, ficou em silêncio. Não tinha antecedentes.
20) Emerson André de Lima Silva, 20 anos
Integrante da Inferno, não chegou a ser filmado agredindo rivais, mas é acusado de estar “em meio aos demais integrantes do seu grupo no momento em que as violências eram consumadas”. Em interrogatório, admitiu participar dos confrontos, mas alegou que o grupo “só revidou”.
21) José Wesley de Freitas Andrade, 20 anos
Integrante da Inferno, não chegou a ser filmado agredindo rivais, mas é acusado de estar “em meio aos demais integrantes do seu grupo no momento em que as violências eram consumadas”. Em interrogatório, reconheceu que estava no local, mas negou agressões.
Torcida Jovem do Leão
22) Carlos Antônio da Silva, 36 anos
É conhecido como “Carlão”. Um dos líderes do “Bonde dos Brabos”, ligado à Torcida Jovem do Leão, ele é acusado de participar dos confrontos. Em interrogatório, ficou em silêncio. Já tinha histórico de intolerância esportiva.
23) André Luiz Oliveira Silva, 33 anos
É conhecido como “André Balada”. Um dos líderes do “Bonde dos Brabos”, ligado à Torcida Jovem do Leão. É acusado de participar dos confrontos. Ele já tinha histórico de intolerância esportiva e estava com tornozeleira eletrônica na ocasião. Em interrogatório, se reconheceu em vídeos gravados durante os confrontos.
24) Édipo Ruan Peixoto de Oliveira, 32 anos
É apontado na investigação como o número 2 do “12º Comando”, gangue ligada à Jovem. É acusado de usar um barrote e participar dos confrontos. Em interrogatório, ficou em silêncio.
25) Alex Pedro Nascimento Luna, 25 anos
É conhecido como “Índio”. Apontado como liderança da Jovem em Sítio Novo, ele aparece em imagens do confronto. Em interrogatório, ficou em silêncio.
26) Alex Sandro de Melo Souto, 30 anos
Apontado pela investigação como “diretor de materiais” (faixas e adereços) e responsável pela loja da Jovem. É acusado de participar dos confrontos. Em interrogatório, ficou em silêncio.
27) Carlos Alberto de Oliveira Junior, 38 anos
É conhecido como “Beto Rocha”. Líder do subgrupo “Bonde dos Bruxos”, ligado à Jovem, é acusado de estar no “pelotão de frente” no dia dos confrontos. Já tinha histórico de intolerância esportiva. Em interrogatório, afirmou que a bateria da torcida havia sido roubada às vesperas do Clássico das Multidões e admitiu que estava no local dos tumultos.
28) Abner Galindo de Siqueira Lima, 33 anos
É apontado como integrante do “Bonde dos Brabos”, ligado à Jovem, e líder da torcida no Curado. É acusado de usar um barrote durante os confrontos. Em interrogatório, se reconheceu em vídeos do tumulto.
29) Samuel Costa dos Santos, 36 anos
É apontado como integrante do “Bruxos”, gangue à Jovem, conhecido pela violência empregada durante os confrontos. É acusado de integrar o grupo que iniciou os ataques contra os rivais. Em interrogatório, ficou em silêncio. Não tinha antecedentes.
30) Sidney Barbosa Olino, 23 anos
Integrante da Jovem, é acusado de estar “em meio aos demais integrantes do seu grupo no momento em que as violências eram consumadas”. Em interrogatório, ficou em silêncio.
31) Glaucemir Teixeira de Oliveira, 27 anos
É apontado como integrante do “Bruxos”, gangue ligada à Jovem, conhecido pela violência empregada durante os confrontos. É acusado de integrar o grupo que iniciou os ataques contra os rivais. Em interrogatório, ficou em silêncio.
32) Thiago Soares Araújo da Silva, 28 anos
É apontado como integrante do “Bruxos”, gangue ligada à Jovem, conhecido pela violência empregada durante os confrontos. É acusado de integrar o grupo que iniciou os ataques contra os rivais. Em interrogatório, admitiu que estava no local dos tumultos.
33) Antônio Petrúcio Lourenço da Trindade Filho, 21 anos
É apontado na investigação como integrante do “12º Comando”, gangue ligada à Jovem. É acusado de atuar como “batedor”, sendo responsável pela segurança e monitoramento do deslocamento da torcida adversária. Não foi localizado pela polícia para prestar depoimento. Não tinha antecedentes.
34) Aurélio Clinton dos Santos Vieira Melo, 28 anos
É apontado como integrante da Jovem. Teria usado um barrote durante os confrontos. Em interrogatório, ficou em silêncio.
35) Israel Gomes Alves Feitosa, 26 anos
É apontado na investigação como integrante do “12º Comando”, gangue ligada à Jovem. É acusado de usar um barrote durante os confrontos. Em interrogatório, admitiu que estava no local dos tumultos.
36) Vinicius Gabriel Rocha dos Santos, 25 anos
Apontado como integrante da Jovem, é acusado de instigar outros integrantes da organizada para atacar os rivais. Em interrogatório, negou agredir ou ter sido agredido por alguém. Não tinha antecedentes.
37) Luan Leal França Pereira, 29 anos
É apontado como integrante do “Bate Cheira”, gangue ligada à Jovem. É acusado de participar dos confrontos. Em interrogatório, admitiu o ataque. Não tinha antecedentes.
38) Daywson Rodrigues dos Santos, 21 anos
É apontado na investigação como integrante do “12º Comando”, grupo ligado à Jovem, em Paulista. É acusado de portar pedras e participar dos confrontos. Em interrogatório, ficou em silêncio.
39) Laércio Gabriel Borges de Albuquerque, 24 anos
É apontado como integrante do “2º Comando”, ligado à Jovem, em Casa Amarela. É acusado de portar pedras e participar dos confrontos. Não foi localizado pela polícia para prestar depoimento.
40) Diogenes da Silva, 19 anos
É apontado como integrante do “12º Comando”, grupo ligado à Jovem, em Paulista. É acusado de segurar uma pedra e participar dos confrontos. Em depoimento, admitiu que esteve no ataque.
41) Diego Emerson Cavalcanti Calixto, 23 anos
É apontado como integrante do “2º Comando”, ligado à Jovem, em Casa Amarela. Em interrogatório, admitiu que estava no local, mas negou agressões. Já havia sido preso em flagrante por briga de torcida.
42) João Victor Soares da Silva, 28 anos
É o presidente da Jovem do Leão. Foi espancado por integrantes da Explosão Coral, do Santa Cruz, durante confronto entre os bandos. Socorrido em estado grave no Hospital da Restauração (HR), passou por cirurgia e levou mais de 100 pontos. É apontado como responsável por convocar integrantes da organizada para o confronto. Foi denunciado em fevereiro.
43) Thyago Mendes Barbosa, 34 anos
Líder do “Bonde dos Brabos”, gangue ligada ao Sport, também estava envolvido no confronto na Madalena. Foi socorrido no HR. Segundo o MPPE, ele esteve no ataque ao ônibus do Fortaleza, em 2024, e ajudou a convocar os membros da Jovem para o confronto no Clássico das Multidões. Foi denunciado em fevereiro.
44) João Victor Antonio da Silva, 24 anos
Integrante da Jovem do Leão, estava no confronto na Madalena e foi levado, já desacordado, para o HR. É acusado de ter atendido ao chamado das lideranças para participar das brigas. Foi denunciado em fevereiro.
45) Bruno Luan Batista Soares, 29 anos
Outro integrante da Jovem envolvido no confronto na Madalena, é acusado de ter atendido ao chamado das lideranças para participar das brigas. Foi flagrado segurando um pedaço de madeira no início do confronto. Foi denunciado em fevereiro.
46) Mikael Joaquim da Silva, 19 anos
Também membro da Jovem, é acusado de atirar uma pedra que danificou o capô e o para-brisa dianteiro de viatura da Polícia Militar que fazia a escolta da Explosão Coral. Foi denunciado em fevereiro.
47) Lucas Melo Gonçalves de Carvalho, 19 anos
Foi detido em um carro, a menos de 2 quilômetros do local do confronto, com 11 explosivos caseiros, 32 rojões explosivos grandes, um soco-inglês, uma corrente metálica e uma barra de ferro com grampos cortantes. Foi denunciado em fevereiro.

